Mercados atentos à diplomacia EUA-China e ao embate entre a SEC e empresas cripto

Além dos desdobramentos envolvendo a indústria de criptoativos, os operadores avaliam a queda das exportações da China em maio

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Barcelona, Espanha — Os mercados contabilizam dados mais fracos da China e o esforço diplomático de reaproximação entre Washington e Pequim, enquanto acompanham os desdobramentos da pressão regulatória dos EUA sobre as operações com ativos digitais da Coinbase (COIN) e da Binance.

Os futuros de índices dos Estados Unidos registravam queda, assim como as bolsas europeias. Na Ásia, o fechamento das bolsas foi misto: o índice Nikkei recuou após vários de dias de valorização e as bolsas chinesas fecharam com ganhos ante a expectativa de que o gigante asiático reduza a taxa de juros para impulsionar a economia.

No mercado de dívida, o prêmio do título norte-americano para 10 anos subia para 3,678% às 6h37 (horário de Brasília). O dólar se depreciava, enquanto o euro e a libra subiam pouco ante outras divisas.

Entre os destaques, a nomeação pelo presidente da Turquia Recep Tayyip Erdogan do ex-estrategista do Merrill Lynch, Mehmet Simsek, como seu novo ministro do Tesouro e das Finanças despertou expectativas de um retorno a uma política monetária mais ortodoxa e de redução da intervenção nos mercados.

Em outros mercados, os contratos de petróleo WTI subiam pouco, enquanto os de ouro recuavam. A cotação do bitcoin recuava quase 1% instantes atrás, negociada ainda abaixo de US$27 mil.

→ O que move os mercados hoje

⚖️ Balançando. A expectativa por mais estímulos econômicos na China ganha força após o país reportar uma queda das exportações (-7,5%) em maio mais intensa do que o previsto (-1,8%). Já o recuo das importações foi mais suave (-4,5%) do que o estimado (-8%), resultando em um saldo de US$ 66 bilhões.

👥 Reaproximação. O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, deve visitar a China nas próximas semanas, segundo fontes ouvidas pela Bloomberg. É possível um encontro com o presidente Xi Jinping para retomar a comunicação de alto nível com Pequim, num cenário de aumento contínuo de tensões entre os dois países. Do lado corporativo, Jane Fraser, CEO do Citigroup (C), chega a Pequim nesta semana, poucos dias após a visita feita pelo CEO do JPMorgan (JPM), Jamie Dimon.

🔍 Contra a parede. Em meio ao processo da Securities and Exchange Commission (SEC) contra violações de regras, a Coinbase, a maior bolsa cripto dos EUA, lida agora com a exigência dos reguladores estaduais da Califórnia e Nova Jersey para que interrompa suas operações. Ao mesmo tempo, a SEC entrou com pedido de ação de emergência para congelar ativos da Binance e proteger os fundos dos clientes, com possibilidade de repatriar investimentos no exterior.

🕖 Voo atrasado. A Boeing (BA) encontrou uma peça defeituosa que afeta pelo menos 90 de suas aeronaves 787 Dreamliner e anunciou que atrasará as entregas justo em um momento de demanda aquecida, o que pode agravar a escassez no setor aéreo. As ações da companhia recuavam nas operações que antecedem a abertura do mercado nos EUA.

👗 Eficiência na vitrine. A varejista têxtil Inditex registrou lucro 43% maior no primeiro trimestre (US$1,6 bilhão), acima da previsão. A empresa espanhola dona da Zara e outras varejistas de moda obteve melhor desempenho com lojas maiores e mais eficientes. A margem bruta da empresa teve alta recorde de 60,5% no período.

🟢 As bolsas ontem (6/06): Dow Jones Industrials (+0,03%), S&P 500 (+0,24%), Nasdaq Composite (+0,36%), Stoxx 600 (+0,38%), Ibovespa (+1,70%)

Apesar do fechamento positivo, os investidores continuaram cautelosos em relação à próxima decisão do Fed. A notícia da visita do Secretário de Estado Antony Blinken à China sustentou o apetite por risco, equilibrando a pressão de baixa do setor de tecnologia, incluindo as perdas da Apple.

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Na agenda

Esta é a agenda prevista para hoje:

EUA: Balança Comercial/Abr, Pedidos de Hipotecas-MBA, Índice de Compras/MBA, Estoques de Petróleo, Crédito ao Consumidor/Abr

Europa: Reino Unido (Índice Halifax de Preços de Imóveis/Mai, Taxa Hipotecária, Índice RICS de Preços de Imóveis/Mai); Alemanha (Produção Industrial/Abr); França (Transações Correntes/Abr, Total de Ativos da Reserva/Mai, Balança Comercial/Abr); Itália (Vendas no Varejo/Abr)

Ásia: China (Balança Comercial/Mai, Reservas Cambiais/Mai); Hong Kong (Reservas Internacionais/Mai); Japão (PIB/1T23, Indicadores Antecedentes e Coincidentes/Abr, Transações Correntes/Abr, Empréstimos Bancários, Investimento Estrangeiro)

América Latina: Brasil (IPCA/Mai, Fluxo Cambial Estrangeiro)

Bancos centrais: Discurso de Luis de Guindos, Fabio Panetta (BCE); Decisão sobre Juros do Banco do Canadá

🗓️ Os eventos de destaque na semana →

(Com informações da Bloomberg News)

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