Exigência de capital para grandes bancos nos EUA pode subir 20% após crise

Mudança em discussão acontece depois do colapso de instituições menores como SVB e Signature Bank; CEO do JPMorgan diz que mudança seria ruim para o país

Grandes bancos de Wall Street como o Citi podem ter que reservar mais capital para operar, segundo discussões em Washington (Foto: David Paul Morris/Bloomberg)
Por Nicholas Comfort e Ambereen Choudhury
05 de Junho, 2023 | 10:41 AM

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Bloomberg — Grandes bancos dos Estados Unidos podem ter que aumentar os requisitos de capital em 20%, em média, como resultado de regras a serem propostas depois do colapso de várias instituições menores neste ano, o que intensificou a urgência de uma iniciativa para reforçar a saúde financeira do setor, de acordo com o Wall Street Journal.

Os requisitos revisados podem ser propostos já em junho, e os aumentos específicos dependerão das atividades dos bancos, segundo o WSJ, que cita pessoas não identificadas. Instituições financeiras com grandes operações de trading sofreriam o maior impacto, enquanto aquelas muito dependentes de receitas com fees poderiam enfrentar aumentos significativos, disse o relatório.

Reguladores bancários no mundo todo têm endurecido as regras de capital para o setor enquanto buscam encerrar o capítulo final de sua resposta à crise financeira de 2008.

O colapso de vários bancos nos EUA no início deste ano serviu como um lembrete das consequências causadas por instituições mais fracas, enquanto as maiores empresas argumentam que regras de capital muito exigentes prejudicariam o crescimento econômico.

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A indústria e seus investidores se preparam para esses aumentos há meses e aguardam ansiosamente os detalhes da reforma.

O diretor financeiro do JPMorgan Chase (JPM), Jeremy Barnum, disse no fim do mês passado que o banco esperava as propostas de implementação dos novos padrões da Basileia “a qualquer momento”. O executivo afirmou que, apesar da intenção de a empresa de se posicionar contra as recomendações para mais capital, o banco estava se preparando para requisitos mais elevados.

A CEO do Citigroup (C), Jane Fraser, disse na semana passada que o banco decidiu adiar qualquer ação além de recompras modestas até ter mais clareza sobre as mudanças da Basileia e a revisão “holística” à parte dos requisitos de capital do Federal Reserve.

Michael Barr, vice-presidente de supervisão do Fed, havia dito anteriormente que as autoridades americanas estão revisando os requisitos de capital dos bancos, com o compromisso de implementar restrições que se alinhem com a Basileia III.

Barr, que assumiu o principal cargo no Fed de supervisor dos bancos em julho de 2022 e foi arquiteto da Lei Dodd-Frank de 2010, na saída da crise financeira de 2008, sinalizou que apoia regras mais rigorosas para instituições maiores e sistemicamente importantes do que para as menores.

Os maiores bancos têm argumentado que sua estabilidade na turbulência recente mostrou sua força e que já têm capital mais do que suficiente.

Os seis maiores bancos americanos injetaram mais de US$ 200 bilhões às reservas de capital na última década, e o JPMorgan disse no mês passado que sua capacidade total de absorção de perdas agora excede os prejuízos com empréstimos que todos os bancos americanos tiveram durante a crise financeira.

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‘Ruim para a América’

O CEO do JPMorgan, Jamie Dimon, está entre os críticos de níveis de capital mais pesados, tendo chamado o planejado aumento de “ruim para a América” no ano passado, antes de duas audiências agendadas no Congresso.

Os maiores bancos dos EUA já estão sujeitos a exigências mais rigorosas do que seus pares europeus, de acordo com o Banco Central Europeu, que supervisiona o setor na zona do euro. Apesar da desvantagem, empresas de valores mobiliários dos EUA conseguiram ganhar participação de mercado dos concorrentes europeus nos anos anteriores.

No entanto as recentes quebras nos EUA atingiram instituições com balanços patrimoniais menores do que os bancos globais sistemicamente importantes.

Bancos com pelo menos US$ 100 bilhões em ativos podem ter que aderir a novos requisitos, abaixo do limite existente de US$ 250 bilhões, para os quais os reguladores reservaram suas regras mais duras, de acordo com o WSJ. O governo Trump afrouxou as normas para muitos bancos regionais.

Enquanto a Europa aplica os padrões da Basileia a todos os bancos, os EUA fazem uma diferenciação sobre quais regras se aplicam a bancos grandes e pequenos. Sem contar os megabancos, instituições financeiras da zona do euro enfrentariam requisitos mais baixos se estivessem sede nos EUA, de acordo com o BCE.

Outras jurisdições também trabalham em sua própria implementação dos padrões finais de Basileia III. A União Europeia tenta suavizar sua versão depois de a indústria alertar que uma abordagem rigorosa arriscaria sufocar a oferta de crédito às economias do bloco.

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