Bloomberg — A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) apresentou nesta segunda-feira (5) as primeiras acusações formais envolvendo o escândalo contábil da gigante do varejo Americanas (AMER3).
A CVM acusou o ex-CEO da empresa Sergio Rial de “inconsistências” na divulgação ao mercado de um rombo contábil da ordem de R$ 20 bilhões.
Rial e João Guerra Duarte Neto, que substituiu interinamente Rial, são acusados de desrespeitar a lei que impõe sigilo sobre qualquer informação ainda não divulgada para conhecimento do mercado e que possa influenciar significativamente a decisão dos investidores para vender ou comprar títulos emitidos por uma empresa.
Eles também foram autuados por alegado descumprimento de resolução da CVM sobre divulgação de fato relevante, conforme informações públicas no site do órgão regulador.
Se condenados, ambos podem ser punidos com multa ou até mesmo inabilitação para o exercício de cargos de direção da empresa por até 20 anos. A investigação foi noticiada inicialmente pelo jornal O Globo.
A Americanas entrou com pedido de proteção judicial contra credores em um tribunal do estado do Rio de Janeiro no começo deste ano citando passivos de aproximadamente R$ 43 bilhões dias após Rial denunciar o rombo, que teriam sido praticados ao longo dos últimos anos.
A rede varejista tem entre seus maiores acionistas alguns dos empresários mais ricos do país: os bilionários Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira.
A Americanas disse em comunicado por e-mail que continua a cooperar com as autoridades e o comitê independente para determinar o que levou às “inconsistências contábeis”.
A empresa, “desde o primeiro momento, priorizou a informação imediata ao mercado, com a maior transparência possível, de todos os desenvolvimentos de um processo particularmente complexo e desconcertante. A Americanas espera que a CVM reconheça isso em seu julgamento.”
Rial se recusou a comentar quando contatado pela Bloomberg News. Duarte Neto não respondeu às mensagens pedindo comentários.
- Com a colaboração de Daniel Cancel.
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