Bloomberg — A Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) está negociando se deve fazer novos cortes na produção de petróleo, com pouca clareza sobre o tamanho das possíveis restrições ou se realmente haverá um acordo após o primeiro dia de conversas em Viena.
Os ministros do petróleo passaram o sábado (3) entre idas e vindas das suítes de hotéis à sede da Opep, dizendo pouco publicamente sobre a natureza das suas discussões, além de confirmarem que um acordo final não deverá ser alcançado até este domingo (4), quando países não membros, incluindo a Rússia, se juntariam à conferência.
A Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados (Opep+) estão se reunindo em meio a um contexto desconfortável de demanda incerta e preços voláteis do petróleo. Privadamente, os delegados do grupo disseram que restrições adicionais de oferta estão no foco das discussões, mas a escala desses cortes não ficou clara.
Em parte, isso ocorreu porque os Emirados Árabes Unidos estavam buscando alterar a base para medir seus próprios cortes na produção. Isso se tornou um ponto de discussão para alguns países africanos, pois um limite de produção mais generoso para o estado do Golfo poderia vir às custas deles, disseram os delegados.
Mais conversas são necessárias antes que qualquer acordo possa ser alcançado, disse um delegado, pedindo para não ser identificado porque as informações eram confidenciais.
As negociações oficiais na sede da Opep no sábado não abordaram a política de produção e se concentraram em questões internas, disseram os delegados. No entanto, os membros do Golfo realizaram uma reunião separada à parte, e os ministros africanos também conversaram com o ministro de Energia da Arábia Saudita, príncipe Abdulaziz bin Salman, o líder do grupo.
“Está tudo em jogo”, disse o governador da Opep do Irã, Amir Zamaninia, aos repórteres na capital austríaca. O resultado final da reunião ainda estava em aberto, disseram os delegados, incluindo a possibilidade de que a reunião termine sem um acordo sobre novos cortes na produção.
Conforme os ministros continuavam suas discussões, os delegados disseram que os Emirados Árabes Unidos estavam aproveitando a oportunidade para pressionar por um aumento na linha de base contra a qual suas restrições são medidas.
Essa tem sido uma reivindicação antiga do estado do Golfo, que investiu pesadamente em nova capacidade de produção apenas para vê-la ficar ociosa por anos devido aos seus compromissos com a Opep+.
Também houve discussões sobre as cotas de vários países africanos, onde a queda de longo prazo levou a produção muito abaixo dos limites oficiais da Opep+.
A Arábia Saudita estaria pressionando esses países a aceitarem ajustes na linha de base que efetivamente alocariam parte de suas cotas de produção não utilizadas aos Emirados Árabes Unidos, segundo os delegados.
Especuladores pessimistas
A Opep+ está considerando novos cortes na produção apenas um mês depois de sua mais recente rodada de reduções de oferta.
Esses cortes surpreendentes causaram um breve rali nos preços após serem anunciados em abril, mas os traders de petróleo acumularam posições vendidas em contratos futuros de petróleo, uma vez que a economia global lenta ameaçava a demanda.
Os preços caíram 11% em Nova York em maio, encerrando o mês em cerca de US$ 68 o barril.
Mesmo com a recuperação nos primeiros dois dias de junho, o petróleo bruto ainda estava cerca de 14% abaixo do pico de meados de abril, à medida que a preocupação com a economia chinesa afeta o sentimento.
Quando questionado sobre essa tendência pessimista na semana passada, o ministro de Energia da Arábia Saudita, príncipe Abdulaziz bin Salman, que procurou prejudicar os short sellers com rodadas anteriores de cortes, disse aos especuladores para “tomarem cuidado”.
Essa mensagem não foi suficiente para mudar o sentimento, especialmente depois que o vice-primeiro-ministro da Rússia, Alexander Novak, disse ao Izvestia que o grupo provavelmente não tomaria “nenhuma nova medida”.
Ele posteriormente amenizou essa declaração, dizendo que o grupo poderia decidir tomar qualquer ação necessária.
Jornalistas da Bloomberg News, da Reuters e do Wall Street Journal não tiveram autorização para comparecer à sede da reunião.
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