Brex, dos brasileiros Dubugras e Franceschi, cresce 50% após quebra do SVB

Fintech que oferece produtos para startups atinge US$ 500 milhões em receita anual recorrente, segundo a Bloomberg News; ‘queremos fluxo de caixa positivo’, diz co-fundador

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Bloomberg — A Brex, uma startup que começou com a oferta de cartão de crédito para seus pares, experimenta um aumento na demanda por seus produtos após a turbulência bancária regional dos Estados Unidos deste começo de ano.

A empresa, co-fundada no Vale do Silício pelos empreendedores brasileiros Henrique Dubugras e Pedro Franceschi em janeiro de 2017, ultrapassou US$ 100 milhões em receita anual recorrente tanto para sua unidade de contas comerciais quanto para a Empower, seu negócio de gerenciamento de gastos, de acordo com um comunicado revisado pela Bloomberg News.

A receita recorrente anual em toda a empresa é de cerca de US$ 500 milhões, o que significa que está a caminho de atingir esse valor aproximado nos próximos 12 meses se o ritmo atual de crescimento continuar, de acordo com pessoas familiarizadas com o assunto, que pediram para não serem identificadas porque os detalhes não são públicos. Isso representa um aumento de cerca de 50% ano a ano, acrescentou uma pessoa.

Para efeito de ordem de grandeza, sem comparação direta por se tratar de modelos de negócios diferentes, a Stone (STNE) teve receita anual de cerca de US$ 430 milhões no ano de seu IPO bem-sucedido na Nasdaq em outubro de 2018, com valuation de US$ 6,6 bilhões.

Um representante da Brex se recusou a comentar as projeções gerais de receita. A empresa foi avaliada pela última vez em US$ 12,3 bilhões em uma rodada de financiamento no ano passado, de acordo com o provedor de dados para startups PitchBook.

As contas de gerenciamento de caixa da Brex continuaram a crescer em parte porque ela é capaz de garantir até US$ 6 milhões em depósitos.

Normalmente, as contas bancárias vêm com as proteções padrão da Federal Deposit Insurance Corp. (FDIC) de até US$ 250.000, mas a Brex é capaz de distribuir os fundos de seus clientes em 24 parceiros bancários diferentes para proporcionar proteção extra ao dinheiro, disse o co-fundador e co-CEO Henrique Dubugras em entrevista à Bloomberg News.

Qualquer montante acima disso é colocado em investimentos como fundos de renda fixa com liquidez (money market funds) ou títulos do governo, disse ele.

Segundo o empreendedor brasileiro, a semana após o colapso do Silicon Valley Bank (SVB) em março foi caótica para o Brex, que há muito tempo oferece produtos financeiros para startups.

“Vimos muitas pessoas se mudando para os grandes bancos”, disse Dubugras. Ainda assim, o foco de longa data da Brex em empresas iniciantes e suas provisões de seguro atraíram alguns clientes, disse.

O nascente negócio de gerenciamento de gastos foi lançado no ano passado e já conta com empresas como Coinbase Global (COIN), DoorDash (DASH) e SeatGeek como clientes, de acordo com a empresa. Esse negócio compete com a Concur Technologies e a Navan em reservas e gerenciamento de viagens, entre outros recursos.

Como muitas empresas apoiadas pelo capital de risco (venture capital), a Brex perde dinheiro. Mas Dubugras disse que o negócio pode se tornar lucrativo em dois anos. A empresa não tem intenção de levantar mais capital de risco neste ano, acrescentou.

“Definitivamente, queremos obter um fluxo de caixa positivo”, disse ele.

- Com a colaboração de Jenny Surane.

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