Bloomberg — O Deutsche Bank (DB) usa inteligência artificial para analisar carteiras de clientes ricos. O ING emprega a tecnologia na triagem de títulos. O Morgan Stanley (MS) diz que realiza experimentos em um “ambiente seguro e restrito”. Enquanto isso, o JPMorgan (JPM) caça talentos e anuncia mais funções de IA do que qualquer um de seus rivais.
Nos bancos de Wall Street mais adeptos da tese, cerca de 40% de todos as vagas abertas são para cargos relacionadas à IA, como engenheiros de dados e analistas quantitativos, assim como funções ligadas a ética e governança, segundo dados da consultoria Evident.
O JPMorgan lidera a tendência. O maior banco dos EUA anunciou 3.651 vagas relacionados à IA em todo o mundo entre fevereiro e abril, quase o dobro dos rivais mais próximos Citigroup (C) e Deutsche Bank, segundo os dados da Evident.
A Eigen Technologies, que assessora bancos como Goldman Sachs (GS) e ING com IA, disse que as consultas do setor financeiro aumentaram em cinco vezes no primeiro trimestre de 2023 em comparação com o mesmo período do ano anterior.
O lançamento do ChatGPT, da Open AI, em novembro de 2022 “deixou todo mundo – conselho, CEO e executivos de todos os bancos – muito mais conscientes de que isso é um fator decisivo”, disse Alexandra Mousavizadeh, CEO e cofundadora da Evident.
“O preço do talento está subindo”, disse ela, descrevendo a situação como uma “corrida armamentista de IA”.
A recompensa é a perspectiva de que tarefas diárias serão realizadas de forma mais eficiente, enquanto análises complexas e modelagem de riscos ficarão mais fáceis e rápidas.
Isso é particularmente tentador para o setor financeiro, onde enormes quantidades de dados sustentam decisões de investimento cada vez mais complexas, apesar das incertezas sobre a capacidade da IA e das preocupações sobre como estabelecer sua regulamentação.
Os bancos já começaram a usar IA para criar estratégias mais personalizadas com instrumentos como swaps de juros e derivativos de ações, a preços mais competitivos para os clientes, disse Steven Burrows, diretor da Fieldfisher e ex-operador de derivativos.
O Deutsche Bank implantou o chamado aprendizado profundo para analisar se os clientes internacionais de private banking estão investindo muito em um determinado ativo, e escolher fundos, títulos ou ações adequados para clientes pessoas físicas. Especialistas humanos transmitem as recomendações geradas pela IA.
“Gosto de combinar inteligência artificial e humana”, disse Kirsten-Anne Bremke, líder global de soluções de dados da divisão de private banking do Deutsche.
O JPMorgan tem planos semelhantes. Em maio, o banco entrou com um pedido de patente de um serviço semelhante ao ChatGPT para ajudar os investidores a selecionar ações, segundo uma pessoa familiarizada com o assunto. O projeto está em seus estágios iniciais.
O Morgan Stanley diz que está permitindo que divisões executem testes. Em abril, o banco disse que patenteou um modelo usando IA e aprendizado profundo para interpretar se as comunicações do Federal Reserve são “hawkish” ou “dovish” . O objetivo é detectar o rumo da política monetária.
-- Com a colaboração de Ellie Harmsworth.
Veja mais em bloomberg.com
Leia também:
Brex, dos brasileiros Dubugras e Franceschi, cresce 50% após quebra do SVB
Morgan Stanley quer dobrar lucro com gestão de fortunas nos próximos anos
Rali das ações tech tem fôlego para continuar? Citi e Barclays divergem
©2023 Bloomberg L.P.