Super-ricos ampliam alocação em fundos hedge em cenário macro mais incerto

Metade dos 230 family offices que responderam a uma pesquisa do UBS investiu na categoria em 2022, acima dos 43% em 2021

Ultra-ricos do mundo estão reposicionando rapidamente as suas carteiras para aproveitar a volatilidade
Por Ben Stupples
31 de Maio, 2023 | 06:03 PM

Bloomberg — Os clientes do family office do UBS (UBS) aumentaram as alocações em fundos hedge enquanto se concentram em formas ativas de administrar seu dinheiro para navegar no cenário macroeconômico em constante mudança.

As empresas de investimento dedicadas para os super-ricos do mundo tiveram 7% de suas carteiras alocadas na categoria em média no ano passado, quase o dobro de 2021, informou o banco suíço nesta quarta-feira (31).

Metade dos 230 family offices que responderam à pesquisa recente investiu em fundos hedge — em comparação com 43% no ano anterior —, com quase três quartos dizendo esperar que eles atinjam ou superem as metas de desempenho nos próximos 12 meses. Fundos globais macro, multi-estratégia e long/short foram as estratégias mais populares.

“Essa é uma maneira muito boa de diversificar os portfólios”, disse George Athanasopoulos, chefe das áreas de gestão de patrimônio familiar e institucional global do UBS, em uma entrevista. “É por isso que vimos movimentos nesse espaço.”

PUBLICIDADE

Perto de 38% dos entrevistados disseram que planejam aumentar as alocações em renda fixa nos mercados desenvolvidos nos próximos cinco anos, enquanto um percentual semelhante pretende aumentar as apostas em negócios diretos de private equity.

Os ultra-ricos do mundo estão remodelando rapidamente suas carteiras para aproveitar a maior volatilidade resultante do aumento da inflação e das taxas de juros.

Family offices e outros investidores amargaram os desempenho sem brilho de fundos hedge - equivalentes aos multimercados no Brasil - na era anterior de taxas de juros baixas em níveis recordes. Mas alguns gestores de recursos do setor obtiveram grandes ganhos.

A empresa homônima de Said Haidar entregou um retorno de 193% em 2022, apesar de ter lutado em 2023 quando os mercados de títulos voláteis abalaram os operadores macro. Kirkoswald, de Greg Coffey, acrescentou um quarto ano de retornos de dois dígitos em 2022.

“Os gestores de fundos hedge que já estavam bem estabelecidos e têm histórico comprovado continuam a receber uma demanda muito forte”, disse Maximilian Kunkel, diretor de investimentos da divisão global de patrimônio familiar e institucional do UBS, em entrevista. “Também há demanda por novos gestores um pouco mais de nicho.”

Os family offices proliferaram nos últimos anos como gestores discretos de investimentos. Enquanto os Rockefellers criaram uma das primeiras versões em 1800 e as dinastias europeias foram os primeiros a adotar, seu número disparou nas últimas duas décadas, com fortunas crescendo nas áreas de tecnologia, finanças e imóveis.

As empresas pesquisadas pelo UBS listaram a geopolítica e a possibilidade de uma recessão como suas duas maiores preocupações para os próximos três anos, com a inflação - a principal preocupação em 2022 - caindo para o terceiro lugar.

PUBLICIDADE

Embora ainda tenham quase metade de seus ativos na América do Norte, os family offices disseram que estão procurando ampliar seus investimentos geograficamente, com mais de um quarto pretendendo aumentar as alocações para a Europa Ocidental nos próximos cinco anos, e cerca de um terço planejando o mesmo para a região da Ásia-Pacífico.

Cerca de um terço dos entrevistados — que administram uma média de US$ 900 milhões em ativos —disse que está confiando mais nas alocações de gestores para apoiar seus esforços de diversificação.

“Estamos em uma era de taxas diferentes e não vamos voltar a zero tão cedo”, disse Athanasopoulos. “Há muito mais dispersão de retornos em diferentes oportunidades, portanto, ainda é importante ser capaz de gerar alfa por meio de áreas em que não se tem necessariamente esse conjunto de habilidades.”

- Com a ajuda de Nishant Kumar.

Veja mais em Bloomberg.com

Leia também

Brasil e México despontam entre preferidos de investidores de ações emergentes

Após perder rali da Nvidia, Cathie Wood vê ações de software como próxima aposta em IA

Deutsche Bank: onda de calotes vai varrer mercados corporativos nos EUA e Europa