Deutsche Bank usa crise e queda dos custos para contratar talentos de M&A

Gigante alemão contratou veteranos de M&A de concorrentes como BofA, Credit Suisse, Lazard e Citigroup nos últimos meses e quer reforçar time

Estratégia do banco alemão para crescer em M&A contrasta com cortes de empregos em concorrentes
Por Steven Arons
30 de Maio, 2023 | 11:25 AM
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Bloomberg — O Deutsche Bank (DB) vê a atual desaceleração do mercado de fusões e aquisições (M&A, na sigla em inglês) como uma abertura para aumentar as contratações e recuperar parte do mercado dos rivais de Wall Street.

O gigante alemão contratou veteranos de M&A de concorrentes como Bank of America (BAC), Credit Suisse (CS), Lazard e Citigroup (C) nos últimos meses e quer continuar reforçando a equipe, disse Fabrizio Campelli, que comanda o banco de investimento e a divisão de banco comercial.

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“Contratamos cerca de 50 negociadores e especialistas em produtos desde o início do ano com alvo no crescimento de receitas estratégicas à medida que o mercado se recupera para a atividade de acordos”, disse Campelli em entrevista à Bloomberg News.

“Para apoiar isso, estamos investindo em tecnologia, contratação seletiva e iniciativas adicionais de crescimento” em áreas do banco de investimento que envolvem pouco capital, como consultoria de fusões e aquisições, afirmou.

Como parte do esforço, no mês passado o banco de Frankfurt fechou um acordo para comprar a Numis, uma empresa boutique de Londres classificada em terceiro lugar em consultoria para ofertas públicas iniciais no Reino Unido nos últimos cinco anos, mesmo tendo revelado planos de cortar 800 funcionários seniores de back-office para reduzir custos.

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A estratégia do banco alemão para crescer em fusões e aquisições contrasta com cortes de empregos em concorrentes que enfrentam uma forte queda em consultoria de acordos. O Goldman Sachs (GS) e o Morgan Stanley (MS) estão entre os que eliminaram milhares de empregos criados durante o “boom” em 2021.

Muitos dos cortes ocorrem nas unidades de M&A. Na Europa, o fim do Credit Suisse provocou um êxodo de banqueiros de investimento.

A grande questão agora é com que rapidez a atividade de fusões e aquisições vai começar a se recuperar. O volume global de acordos caiu cerca de 46% no acumulado do ano e há poucos sinais de que a tendência será revertida em breve.

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Grande desafio

O Deutsche Bank também começa em desvantagem. Embora os rivais europeus sempre tenham ficado atrás das cinco maiores instituições financeiras de Wall Street no ranking de fusões e aquisições, o banco alemão teve um desempenho ainda pior e não consegue um lugar entre os 10 maiores negociadores globais desde 2017, de acordo com as tabelas de classificação da Bloomberg.

O Deutsche Bank não reforçou suas unidades de banco de investimento tanto quanto muitos concorrentes de Wall Street durante a expansão de dois anos atrás, em parte porque simplesmente não tinha como fazer frente aos enormes pacotes de remuneração oferecidos na época, disseram pessoas familiarizadas com o assunto.

Embora isso às vezes tenha resultado em uma equipe muito enxuta durante esse período, agora representa uma vantagem, pois o banco pode contratar executivos a preços melhores, disseram as pessoas.

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Entre os banqueiros veteranos contratados pelo Deutsche Bank estão Siddharth Malik, Carrie Barber, William Mansfield, Ken Oliver Fritz, Freya van Oorsouw e Jeff Cady, segundo as fontes.

Outros bancos, incluindo alguns que nunca chegaram perto de entrar no ranking, também entram em ação com a queda dos custos para contratar talentos. O Banco Santander tenta captar dezenas de banqueiros do Credit Suisse com foco nos EUA, informou a Bloomberg News no início desta semana.

O CEO da Moelis & Co., Ken Moelis, também disse na semana passada que vê “uma grande oportunidade para construir a empresa nesta crise”.

O CEO do Deutsche Bank, Christian Sewing, disse anteriormente que vai continuar a investir em áreas do banco de investimento que tendem a gerar receita com comissões, como consultoria em fusões e aquisições e ofertas públicas iniciais (IPO), e que envolvem muito menos capital do que atividades de empréstimo.

Em comparação, o banco tem encolhido sua unidade financeira alavancada, que também faz parte da divisão de assessoria e subscrição conhecida como Originação e Consultoria (O&A), mas tende a consumir mais capital do que as outras áreas desse segmento.

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