CEO da AES Brasil, Clarissa Sadock renuncia e assume como VP de ESG na Vibra

Empresa do setor elétrico inicia processo de recrutamento no mercado; Rogério Pereira Jorge, atual VP Comercial da AES, acumulará suas funções com as de CEO

Clarissa Sadock renuncia ao cargo de CEO da AES Brasil, enquanto mercado traça cenário para o futuro da companhia com elevado endividamento (Foto: Divulgação)
30 de Maio, 2023 | 08:37 PM
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Bloomberg Línea — Dois relevantes players do setor de energia no Brasil anunciaram, na noite desta terça-feira (30), mudanças em posições C-level. A AES Brasil (AESB3) recebeu a carta de renúncia da CEO, Clarissa Sadock, que deixa a função até o final de junho. Ela será a vice-presidente de energia renovável e ESG, cargo recém-criado, na Vibra Energia (VBBR3).

A saída da executiva da AES Brasil ocorre após o grupo de energia reportar uma queda anual de 15% no lucro do primeiro trimestre e a disparada de 86% no endividamento líquido (R$ 7,9 bilhões) em 12 meses.

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A companhia não forneceu informações adicionais sobre a renúncia. A AES disse apenas que o conselho de administração já iniciou o processo de sucessão e que, durante esse período, Rogério Pereira Jorge, atual VP Comercial, acumulará suas funções com as de CEO.

A renúncia também acontece no meio de expectativas de uma eventual mudança na estrutura acionária da companhia.

Em recente relatório, analistas do banco norte-americano JPMorgan citaram que a AES contratou o Itaú Unibanco para procurar um sócio no Brasil, em busca de uma injeção de capital ou até deixar o Brasil com a possibilidade de um fechamento de capital. Era uma referência a um texto publicado pelo jornal Valor Econômico, no dia 8 de maio, sem revelar como obteve a informação.

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As ações da AES acumulam uma alta de 27,23% neste ano, enquanto o Ibovespa subiu 0,55%. O resultado financeiro líquido da AES foi negativo em R$ 144 milhões no primeiro trimestre, alta de 52% em 12 meses, em razão do maior endividamento para financiar os novos projetos e as últimas aquisições e um CDI mais elevado que impacta 54% de sua dívida.

A alavancagem medida pela relação entre dívida líquida e Ebitda (geração de caixa) dos últimos 12 meses subiu para 6,3 vezes no primeiro trimestre.

O aspecto positivo do balanço da AES no período, segundo analistas, tem sido o desempenho operacional da companhia devido ao grande volume de chuvas.

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“A AES é nossa principal recomendação de compra em 2023 no setor elétrico, amparada pela expansão da [energia] eólica e redução de custo com energia com a hidrologia melhor turbinando a geração de caixa operacional frente ao preço excessivamente descontado no início do ano”, apontou relatório recente do BB Investimentos.

A instituição financeira estabeleceu o preço-alvo de R$ 14,50 para o final de 2023, acima do indicado pelo JPMorgan (R$ 11,50). Nesta terça-feira (30), o papel fechou a R$ 12,29 (-0,32%).

“A AES Brasil apresentou uma esperada redução do custo com compra de energia decorrente de melhor hidrologia e o avanço em sua estratégia de expansão em andamento [...] Os riscos à nossa tese de investimentos se referem ao desafio de comercialização da energia descontratada das hidrelétricas no médio prazo, uma vez que a estratégia comercial nas demais fontes tem se demonstado bem-sucedida”, apontou o relatório do BB Investimentos.

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Durante sua gestão, Sadock conseguiu, por exemplo, assinar em setembro de 2022 um pré-contrato com o Complexo de Pecém para avançar com os estudos de viabilidade para produção de até 2 GW de hidrogênio verde e de até 800 mil toneladas de amônia verde por ano.

A companhia tem interesse em viabilizar uma planta de produção e comercialização de hidrogênio verde e seus derivados utilizando o terminal cearense para exportar sua produção, principalmente para países da Europa.

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Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 29 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.