Bancos brasileiros vão negar crédito a frigoríficos ligados a desmatamento

Exigência se aplica a fornecedores diretos e indiretos; até o momento, 21 bancos assinaram o protocolo, entre eles Itaú Unibanco e Banco do Brasil

Líderes do setor como JBS e Marfrig já assumiram compromissos de parar de comprar gado desses fornecedores
Por Tatiana Freitas
30 de Maio, 2023 | 03:35 PM

Bloomberg — Os bancos brasileiros se comprometeram a negar crédito a frigoríficos que comprarem gado de áreas desmatadas ilegalmente, ecoando as novas regulamentações da União Europeia destinadas a proteger as florestas tropicais.

A norma de sustentabilidade divulgada nesta terça-feira (30) pela Febraban, a federação de bancos do Brasil, exige que os frigoríficos adotem um sistema de rastreamento para monitorar toda a sua cadeia de abastecimento na Amazônia Legal e no estado do Maranhão até dezembro de 2025.

A exigência se aplica a fornecedores diretos e indiretos.

Líderes do setor como JBS (JBSS3) e Marfrig (MRFG3) já assumiram compromissos de parar de comprar gado de fornecedores indiretos ligados ao desmatamento ilegal da Amazônia até 2025.

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As mesmas empresas já proíbem compras diretas de áreas desmatadas ilegalmente.

O grupo que representa os exportadores de carne bovina do Brasil, conhecido como Abiec, divulgou nota afirmando não aceitar que “outros setores terceirizem as suas responsabilidades para os frigoríficos”.

Para a Abiec, é importante que os bancos adotem os mesmos requisitos ambientais já aplicados pela indústria de carne bovina para todos os seus correntistas, incluindo proprietários de áreas rurais, afirmou o grupo.

A Abiec acrescentou que mais de 20.000 pecuaristas foram excluídos da base de fornecedores de seus associados devido a práticas ambientais ilegais, mas é possível que os mesmos criadores de gado continuem tendo relações comerciais com o setor financeiro.

Até o momento, 21 bancos assinaram o protocolo, entre eles Itaú Unibanco (ITUB4), Banco do Brasil (BBAS3), Bradesco (BBDC4), Santander (SANB11) e Caixa Econômica Federal.

Pela perspectiva dos bancos, o financiamento de atividades associadas ao desmatamento pode ampliar riscos de crédito, reputacionais e operacionais, disse a Febraban.

Em dezembro, a União Europeia exigiu que os exportadores provassem que as commodities agrícolas, incluindo carne bovina, soja e café, não contribuíam para o desmatamento.

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