SoftBank quer ir além dos aportes e pegar carona no boom de crédito privado

Mercado tem atraído players de fora como empresas private equity diante de retornos altos para quem empresta e concorrência menor diante da retração de bancos

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Bloomberg — O plano discutido do SoftBank de atuar com crédito privado é o mais recente sinal de que o mercado atravessa o que o presidente da Blackstone., Jon Gray, chama de “momento de ouro”.

O aumento das taxas de juros está tornando os retornos ainda mais atraentes para os provedores de crédito e uma retração dos bancos significa que há menos concorrência tradicional. Nesta semana, gestoras de ativos como BlackRock e Allianz apontaram os pontos fortes da classe de ativos de US$ 1,5 trilhão, enquanto as empresas de private equity procuram expandir suas ofertas.

“Você está sendo pago ao norte de 10%, dependendo do tipo de empresa”, disse o co-presidente da Apollo Global Management, Jim Zelter, sobre a oportunidade.

O fato de o SoftBank, um dos investidores em tecnologia mais agressivos do mundo, estar olhando para o crédito privado é mais uma evidência do rápido crescimento do mercado e de sua crescente capacidade de financiar grandes aquisições. Acordos de dívida multibilionários para empresas como Zendesk e Coupa Software foram financiados por empréstimos diretos no ano passado.

Embora novos empréstimos estejam se mostrando lucrativos para players não bancários, alguns acordos existentes parecem estar sob pressão. Provedores de crédito privados oferecem dívida com taxa flutuante - o que significa que as margens estão vinculadas às taxas básicas - e com benchmarks mais altos se tornando uma realidade, mas há o risco de as empresas não conseguirem pagar suas contas de juros.

Taxas históricas de inadimplência de 2% a 3% “podem ser colocadas em xeque por empresas que estão com custos de juros mais altos em todos os setores”, disse Zelter em entrevista à Bloomberg TV.

Algumas empresas devem ser capazes de repassar despesas mais altas por meio de aumentos de preços, disse ele, mas isso causará dificuldades para outras, principalmente aquelas que não protegeram seus riscos.

Existem formas limitadas de negociação de empréstimos privados, o que significa que as dificuldades de crédito podem custar caro para quem empresta. Como resultado, empresas como HPS Investment Partners e Bain Capital estão reforçando suas equipes de reestruturação em antecipação ao surgimento de estresse em seus portfólios.

O custo mais alto dos empréstimos significa que empresas que vão às compras não poderão pagar tanto quanto desembolsavam pelos alvos de aquisição, enquanto algumas pequenas e médias empresas podem enfrentar uma crise de crédito após a crise bancária regional nos EUA, alertou o então CEO da Lazard, Kenneth Jacobs em uma teleconferência de resultados no mês passado.

O capital “está muito mais caro hoje” do que em 2021, disse Jacobs.

O fim do Silicon Valley Bank, o SVB, um importante banco para empresas de tecnologia, também pode afetar a disponibilidade de crédito para o cenário de startups.

Isso significa que o crédito privado pode representar um benefício potencial para o SoftBank depois que uma queda no valor de seus investimentos em ações levou a S&P Global a rebaixar sua dívida para a nota BB, uma decisão que classificou como “extremamente lamentável”.

O gigante japonês de investimentos vê uma oportunidade de usar sua experiência existente no mercado de tecnologia, desta vez por meio do fornecimento de crédito. Investidores seniores da empresa conversaram com participantes do setor sobre a possibilidade de implantar até US$ 1 bilhão em dívidas por meio de sua unidade de capital de risco, informou a Bloomberg News esta semana.

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