Bloomberg Línea — Três bancos russos decidiram abrir agências em Cuba e já apresentaram os pedidos necessários ao banco central do país (BCC), disse nesta semana Boris Titov, comissário presidencial dos Direitos dos Empresários da Rússia.
A abertura de instituições bancárias também inclui projetos que preveem no curto prazo o pagamento em rublos.
Em março, os caixas eletrônicos cubanos começaram a aceitar cartões do sistema de pagamento russo MIR, permitindo saques em dinheiro com cartões russos e convertendo rublos em pesos cubanos.
O sistema de cartões também é aceito no Vietnã e na Coreia do Sul, bem como nas ex-repúblicas soviéticas, incluindo Armênia, Belarus, Cazaquistão, Quirguistão, Tajiquistão, Ossétia do Sul e Abkházia.
O MIR foi criado em 2014, quando a Rússia enfrentou pela primeira vez uma onda de sanções relacionadas à incorporação da península da Crimeia, um território no Leste Europeu com 2,4 milhões de habitantes.
A plataforma surgiu depois que as empresas de serviços financeiros Visa (V) e MasterCard (MA) restringiram as transações com alguns bancos russos na época, e em dezembro de 2015 os cartões começaram a ser emitidos.
O vice-primeiro-ministro russo, Dmitri Chernyshenko, disse que espera que “em um futuro muito próximo, com os cartões russos você possa pagar lojas, cafés e restaurantes” em Cuba.
Aproximação entre Havana e Moscou
Os anúncios foram feitos no contexto das intenções de relançar as relações bilaterais entre Moscou e Havana, com a possibilidade de abrir ligações marítimas e portuárias diretas, e da oferta do governo cubano à Rússia para arrendar terras no país por um período de 30 anos.
Recentemente, o presidente cubano Miguel Díaz-Canel reconheceu os problemas de importação de alimentos e combustível do país. “Estamos tendo mais problemas para adquirir a cesta básica a tempo, e temos uma cesta baseada em importações”, disse ele à mídia cubana.
A ONU estima que Cuba importe cerca de 80% dos alimentos que consome, e o país sofre com a escassez de alimentos e com uma inflação anual de 75% em março de 2023, de acordo com a estatal Oficina Nacional de Estadística e Información (ONEI), apesar da existência de várias medidas para promover a produção nacional e uma Lei de Soberania Alimentar.
De janeiro de 2022 a 19 de maio de 2023, o peso cubano perdeu 61% de seu valor em relação ao dólar e, assim, tornou-se a quarta moeda mais desvalorizada do mundo, depois do dólar do Zimbábue, do bolívar venezuelano e da libra libanesa, de acordo com a Currency Watchlist do economista e professor universitário Steve Hanke.
O rublo não fica muito atrás, tendo perdido 16% de seu valor em relação ao dólar e 13% em relação ao euro desde o início do ano.
A Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) prevê que a economia cubana crescerá 1,5% em 2023, abaixo dos 2,0% em 2022.
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