Bloomberg — Os títulos de dívida externa da Unigel afundaram diante da preocupação de que a deterioração dos resultados da empresa química brasileira leve a um descumprimento de obrigações financeiras com credores (os covenants).
Títulos em dólar com vencimento em 2026 caíram 34 centavos de dólar desde que a empresa divulgou seus resultados do primeiro trimestre em meados de maio, classificados como fracos por analistas.
A queda - a mais brusca entre títulos corporativos da América Latina neste trimestre, segundo dados compilados pela Bloomberg - fez os rendimentos dos papéis saltarem para mais de 35%, de cerca de 8% em janeiro.
O bond agora negocia em território distressed — com yields de ao menos 10 pontos percentuais acima dos títulos do Tesouro norte-americano.
Nesta sexta-feira (26), a Fitch rebaixou a classificação da empresa de BB- para B, com viés negativo. Segundo a agência de classificação de risco, o rebaixamento reflete a desaceleração acentuada e simultânea nos segmentos de negócios químicos e fertilizantes da Unigel, enquanto as condições de empréstimo no Brasil se tornaram mais rígidas após a inadimplência da Americanas (AMER3) em janeiro.
“A Fitch espera que o fluxo de caixa da empresa continue pressionado nos próximos seis meses. O momento para uma recuperação de um ou de ambos os segmentos permanece altamente incerto”, diz a Fitch.
Unigel tem resultados considerados fracos
A empresa, maior produtora de fertilizantes nitrogenados do Brasil, viu o Ebitda ajustado cair 82% nos primeiros três meses de 2023 em relação ao ano anterior. Isso elevou seu índice de alavancagem para 2,2 vezes, mais próximo do nível de 3,5 vezes que, se superado, dá aos detentores de debêntures emitidas no ano passado a opção de declarar vencimento antecipado.
Em teleconferência com analistas neste mês, os executivos anunciaram uma redução nos planos de investimento para salvaguardar a solidez financeira da empresa.
“A Unigel sinalizou que espera um desempenho operacional igualmente fraco no segundo trimestre e mostrou menos convicção em uma recuperação cíclica até o final do ano”, disse Sebastian Hofmeister, analista sênior de crédito da Lucror Analytics.
O “modo de preservação de caixa” da empresa aumentou as preocupações com os resultados, e a administração sugeriu que algumas cláusulas de alavancagem podem exigir waivers, acrescentou.
A Unigel não quis comentar.
Aperto no crédito
O mercado de dívida local do Brasil teve um início de ano instável depois que a Americanas e a Light (LIGT3) pediram recuperação judicial.
A turbulência provocou a suspensão de emissões e fez várias empresas contratarem assessores financeiros para reestruturar dívidas em meio a um ambiente de juro alto.
“Dado o perfil de resultados ao longo do ciclo, achamos que o próximo passo lógico seria um pedido de waiver do covenant”, disse Ben Hough, diretor de pesquisa corporativa da BCP Securities em Greenwich, Connecticut. “Acreditamos que a empresa provavelmente irá engajar os debenturistas para alcançar um resultado construtivo.”
-- Com informações da Bloomberg Línea.
Veja mais em Bloomberg.com
Leia também
Adeus, guerra das maquininhas? PagSeguro vira PagBank e mira banco completo, diz CEO
Quem é o bilionário da Nvidia cuja fortuna subiu 140% neste ano com a febre de IA
© 2023 Bloomberg L.P.
