EUA se aproximam de acordo que elevaria o limite da dívida por dois anos

Se um trato for realmente alcançado em breve, terça-feira emerge como o dia provável para uma votação na Câmara

Capitólio em Washington. O que está tomando forma seria muito mais limitado do que a oferta inicial dos republicanos, que pediram o aumento do teto da dívida até março próximo em troca de 10 anos de limitação de gastos.
Por Akayla Gardner - Justin Sink
26 de Maio, 2023 | 05:03 AM

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Bloomberg — Enquanto se esgota o tempo para evitar um default dos Estados Unidos, os negociadores republicanos e da Casa Branca estão mais perto de alinhavar um acordo para aumentar o teto da dívida e limitar os gastos federais por dois anos, de acordo com pessoas familiarizadas com o assunto.

Os dois lados reduziram as diferenças nas tratativas dos últimos dias, de acordo com estas fontes, embora os detalhes acordados sejam provisórios e um acordo final ainda não esteja sobre a mesa. Além disso, ainda não há consenso sobre o valor do limite do endividamento.

Sob os termos do acordo que está emergindo, os gastos com defesa teriam permissão para aumentar 3% no próximo ano, de acordo com o pedido de orçamento feito pelo presidente Joe Biden.

O acordo também incluiria uma medida para atualizar a rede elétrica do país e, assim, acomodar a energia renovável, uma meta climática fundamental, ao mesmo tempo em que aceleraria as licenças para oleodutos e outros projetos de combustíveis fósseis que o Partido Republicano favorece, disseram pessoas a par do acordo.

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O acordo cortaria US$ 10 bilhões de um aumento orçamentário de US$ 80 bilhões para o Internal Revenue Service, o equivalente à Receita Federal do Brasil, que Biden conquistou como parte de sua Lei de Redução da Inflação. Os republicanos alertaram sobre uma onda de agentes e auditorias, enquanto os democratas disseram que o aumento se pagaria com menos fraudes fiscais.

O que está tomando forma seria muito mais limitado do que a oferta inicial dos republicanos, que pediram o aumento do teto da dívida até março próximo em troca de 10 anos de limites de gastos. Os conservadores da Câmara estavam hesitantes na quinta-feira com a ideia de um pequeno acordo, com o House Freedom Caucus enviando uma carta a McCarthy exigindo que ele se mantivesse firme.

Um assessor da liderança democrata da Câmara disse que a Casa Branca não havia compartilhado nenhuma palavra sobre acordos sobre limites de gastos ou financiamento do IRS.

O jornal New York Times foi o primeiro em noticiar que os negociadores estavam se aproximando de um acordo sobre o limite da dívida

“Sabemos onde estão nossas diferenças”, disse o presidente da Câmara, Kevin McCarthy, aos repórteres no Capitólio, acrescentando que planejava trabalhar durante o fim de semana do feriado.

“Ainda não temos um acordo. Sabíamos que isso não seria fácil. É difícil, mas estamos trabalhando. E vamos continuar trabalhando até que isso seja feito”, disse ele.

Os rendimentos do Tesouro dos EUA subiram. As ações abriram marginalmente mais altas no Japão e na Coreia do Sul, com o benchmark da Austrália pouco alterado. O mercado de Hong Kong está fechado por causa de um feriado público.

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Jan Hatzius e Alec Phillips, do Goldman Sachs Group Inc., disseram em uma nota aos investidores que as chances de se chegar a um acordo na sexta-feira eram maiores.

Se um acordo for realmente alcançado em breve, terça-feira emerge como o dia provável para uma votação na Câmara. O Senado teria então que agir rapidamente para enviá-lo à mesa de Biden antes de 1º de junho, data em que a secretária do Tesouro, Janet Yellen, disse que seu departamento poderia ficar sem dinheiro.

No dia seguinte, um pagamento devido a milhões de beneficiários da Previdência Social, pressionando os políticos para resolver o impasse.

‘Ainda bem que o mercado está fechado’

O representante Garret Graves, da Louisiana, um dos negociadores, descreveu o progresso como “lento” ao deixar os escritórios na noite de quinta-feira. Ele disse que a Casa Branca está se mantendo firme em recusar as exigências republicanas de adicionar requisitos de trabalho aos critérios de elegibilidade para o Medicaid e outros programas de bem-estar social. “Temos muitos bloqueios”, disse ele. “Mas esse é um dos maiores problemas.”

O representante Patrick McHenry, um republicano da Carolina do Norte e outro envolvido nos acordos, perguntou na noite de ontem o que ele diria aos investidores sobre o andamento das negociações e brincou: “Que bom que o mercado está fechado”. McHenry, presidente do Comitê de Serviços Financeiros, é um dos principais negociadores de McCarthy.

Na quarta-feira, a Fitch Ratings colocou a classificação de crédito AAA para os EUA em alerta para um possível rebaixamento. Os EUA perderam sua nota AAA na S&P Global Ratings durante um impasse partidário semelhante sobre o teto da dívida em 2011.

A Casa Branca e o Tesouro disseram que a decisão da Fitch demonstrou a urgência de chegar a uma solução rápida para a disputa. Mas McCarthy disse que não estava preocupado com o anúncio da Fitch e que os negociadores não precisavam da agência de classificação para lembrá-los da importância de fechar um acordo.

Os negociadores têm discordado sobre a escala e a duração dos limites de gastos a serem incluídos em um projeto de lei que eleve ou suspenda o teto da dívida. Economistas alertaram que, mesmo com um acordo que evite um calote devastador nos pagamentos, os limites aos gastos do governo podem ajudar a levar os EUA a uma recessão.

--Com a colaboração de Jarrel Dillard, Steven T. Dennis, Erik Wasson, Josh Wingrove e Jeniffer Jacobs

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