Bloomberg — O Bradesco (BBDC4) planeja adicionar 600 especialistas de investimento à equipe que atende clientes de varejo de alta renda e private banking. Cerca de metade virá de novas contratações, e o restante, de dentro do banco, de acordo com Eurico Ramos Fabri, vice-presidente responsável pelo banco de investimento e corporativo. Isso aumentaria a equipe para cerca de 2.000 especialistas, representando um crescimento de 43%.
“Estamos unificando o time que recomenda investimentos para ganhar força, eficiência e homogeneidade na nossa comunicação com os clientes de alta renda”, disse Fabri em entrevista à Bloomberg News. “Cada cliente com mais de R$ 150 mil investidos conosco terá um especialista designado para atendê-lo.”
Bancos em toda a América Latina estão aumentando os serviços para indivíduos ricos para aprofundar relacionamentos e oferecer mais produtos, como gestão de recursos e de fortunas, serviços de corretagem e crédito.
Os investimentos de pessoa física no Brasil aumentaram quase 12% no ano passado, para um estoque de R$ 5 trilhões em dezembro, segundo a Anbima (associação que reúne as entidades do mercado de capitais).
O número de clientes da Agora Securities, corretora do Bradesco para pessoa física, aumentou 16% nos últimos 12 meses, para 1 milhão.
O Bradesco tem cerca de R$ 785 bilhões em ativos sob gestão de pessoas físicas com R$ 150 mil a R$ 5 milhões investidos no banco e possui R$ 420 bilhões de clientes com mais de R$ 5 milhões investidos.
Essas duas áreas têm cerca de 2.700 funcionários de front-office destinadas a elas, incluindo gerentes de relacionamento e especialistas de investimento. O número não inclui gerentes de agências físicas.
Em fevereiro, o Bradesco anunciou a criação de uma nova gestora de recursos em parceria com o BV (novo nome do Banco Votorantim).
Na área de wealth management, os ativos do Bradesco cresceram 20% nos 12 meses encerrados em fevereiro, à medida que o banco ganha participação de mercado e clientes, inclusive por meio de aquisições.
Bradesco assumiu private do JPMorgan
Em agosto de 2020, o JPMorgan deixou seu negócio de private banking no Brasil, decidindo que faltava escala adequada para ser lucrativo. Assinou um acordo com o Bradesco no qual o banco americano concordou em encaminhar seus clientes ricos nos mercados locais para o banco brasileiro. Em junho de 2022, o Bradesco assinou um acordo semelhante com o BNP Paribas, que também deixou o mercado local de private banking.
Guto Miranda, chefe global de private banking do Bradesco, estima que o banco ganhou cerca de R$ 22 bilhões em ativos sob gestão de 200 novas famílias com esses negócios. O banco atende cerca de 9.500 famílias em seu negócio de private banking.
“Conquistamos não apenas novos clientes mas 55 executivos altamente qualificados com essas aquisições”, disse Miranda.
Em 2019, o Bradesco anunciou seu acordo para comprar o BAC Florida Bank em Miami, agora renomeado Bradesco Bank, atendendo empresas e bancos latino-americanos, bem como pessoas físicas. Além de Miami, o Bradesco, com sede em Osasco, também possui um banco em Luxemburgo que atende clientes de alta renda.
O plano é expandir os negócios de private banking em 30% em cinco anos, de acordo com Fabri, que em janeiro também assumiu a responsabilidade pelos negócios de corretagem, mercados globais, gestão de fortunas e gestão de fundos do Bradesco.
“Vemos muitas sinergias nessas áreas, pois uma família proprietária de uma empresa pode nos escolher para liderar uma emissão de um título ou uma venda de ações e pode investir suas economias conosco”, disse Fabri.
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