Recuperação da China frusta investidores e derruba preços de commodities

Retomada da economia no país era vista como um possível impulso para os ativos globais, mas os sinais são de uma atividade mais fraca do que o esperado

Recuperação chinesa tem ocorrido em duas direções
Por Tom Hancock - Sofia Horta E Costa
25 de Maio, 2023 | 09:38 AM

Bloomberg — A recuperação econômica lenta da China e a relutância de Pequim em implantar estímulos em larga escala reverberam em todo o mundo, derrubam os preços das commodities e enfraquecem o mercado de ações do país.

Os investidores reduzem suas expectativas para a segunda maior economia do mundo à medida que aumentam as preocupações de que a recuperação perdeu força.

Dados recentes sugerem que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) este ano ficará mais próximo da meta do governo de cerca de 5%, ao contrário das previsões no início do ano de que a expansão superaria em muito esse número.

Os dados também mostram uma recuperação desigual, liderada por serviços ao consumidor, enquanto a atividade industrial está muito atrás.

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“As pessoas estão ajustando suas expectativas de recuperação da China para baixo”, disse Chaohui Guo, analista do banco de investimentos China International Capital.

Hipotecas perdem fôlego em sinal de fraqueza do sentimento do consumidor chinês

No mercado de ações, o índice CSI 300 já apagou cerca de metade do rali com a reabertura do país que começou em novembro, enquanto o yuan sinaliza uma economia em dificuldades.

Atividade mais fraca da China prejudica minério de ferro e cobre

No mercado imobiliário, há muito tempo em crise, as vendas estão desacelerando após um ensaio de recuperação. Os problemas financeiros persistentes das incorporadoras imobiliárias dificultam novos projetos em um setor que responde por cerca de 20% do PIB da China. Os gastos com infraestrutura estão limitados pelo endividamento pesado dos governos locais.

E com a atividade de construção fraca, o cobre despencou abaixo de US$ 8.000 a tonelada, enquanto o minério de ferro, principal produto da Vale (VALE3) afundou para perto de US$ 95, apagando boa parte dos ganhos desencadeados pelo fim da política Covid Zero no final do ano passado.

A China é o maior comprador mundial de commodities como petróleo e cobre, e sua vasta indústria siderúrgica responde por mais da metade da demanda global por minério de ferro. O índice de commodities da Bloomberg esta semana afundou para o nível mais baixo desde o final de 2021.

Preços do minério de ferro e do cobre desabam

Em meio a uma recuperação liderada por serviços, os preços do petróleo se saíram melhor que outras commodities depois que Pequim abandonou restrições às viagens. Mas outros mercados de energia ligados à atividade industrial sentem o aperto. O preço do carvão, principal combustível da indústria chinesa, caiu 18% desde o início do ano. A queda da demanda por produtos chineses nos EUA e na Europa é parcialmente culpada, pesando sobre as exportações do setor industrial.

“Havia muita expectativa de que veríamos um ano bastante forte na China”, disse Neil Beveridge, analista sênior da Sanford C. Bernstein. “O que estamos vendo agora é uma recuperação bastante fraca em termos de produção industrial.”

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-- Com a colaboração de Dan Murtaugh, Stephen Stapczynski, Sarah Chen e Jason Rogers.

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