Estrategistas de Wall Street passam a questionar a visão pessimista para os mercados

Gestores esperavam que as ações teriam mais um ano de sofrimento em 2023 diante dos juros altos e da perspectiva de recessão nos EUA; alguns agora já refazem as projeções

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Bloomberg — Estrategistas do mercado e gestores de portfólio que esperavam que as ações não fossem a lugar nenhum em 2023 passaram a mudar o tom à medida que seus temores se transformam no medo de perder uma potencial recuperação dos mercados.

Andrew Slimmon, do Morgan Stanley Investment Management, acha que sua visão recente de que o índice S&P 500 chegará a 4.200 pontos em dezembro é muito baixa, disse o gestor sênior de portfólio do braço de gestão de investimentos do banco em entrevista por telefone. Segundo ele, o indicador de ações de referência dos EUA pode subir para 4.600 no final do ano, à medida que o preço do mercado passa a refletir os possíveis lucros em 2024 e o investidor que teme perder um rali entra em ação.

“Se eu fosse um consultor financeiro e chegasse a outubro, novembro e eu não ganhasse dinheiro para meus clientes porque estou com muito dinheiro em caixa, começaria a ficar nervoso”, disse ele. “Minha conjectura é que o dinheiro começa a voltar ao mercado no final do ano.”

A expectativa mais elevada de Slimmon ocorre poucos dias depois que a estrategista de ações do Bank of America, Savita Subramanian, elevou a projeção para o S&P500, avaliando que o índice chegaria a 4.300 pontos em vez dos 4.000 previstos anteriormente. Ela agora vê o índice fechando o ano em uma faixa de 3.900 a 4.600 pontos.

“Com exceção de alguns investidores mais pessimistas, mais e mais pessoas vão aumentar suas estimativas a contragosto”, disse Slimmon.

Apesar de um mês de maio agitado, as ações dos EUA resistiram a uma série de ventos contrários este ano, desde taxas de juros mais altas até turbulências no setor bancário e a perspectiva de uma recessão iminente. Ainda assim, o S&P 500 subiu mais de 7% em 2023, enquanto o índice Nasdaq 100, ligado a empresas de tecnologia, subiu 24%.

Mesmo os céticos que soaram o alarme sobre uma perigosa falta de amplitude nos ganhos deste ano estão começando a mudar de opinião. “A amplitude estreita não é um precursor da desgraça e da melancolia”, disse Subramanian em entrevista à Bloomberg Surveillance na terça-feira.

O que os traders estão começando a ver são sinais de “FOMO” (Fear of missing out). Na semana passada, os investidores adicionaram US$ 21 bilhões em novas posições longas no S&P 500, segundo dados do Citigroup - um dos maiores fluxos semanais de novas posições longas rastreadas pela empresa nos últimos anos.

Enquanto isso, a principal unidade de corretagem do Goldman Sachs, com fundos multimercados que fazem apostas de alta e baixa, compraram ações dos EUA por duas semanas consecutivas, com as compras atingindo o ritmo mais rápido desde outubro, após um período de vendas persistentes.

Em conjunto, a configuração parece madura para uma potencial virada de alta para o mercado de ações na segunda metade do ano.

“Se você olhar para a história de quando tivemos quedas como no ano passado, o elemento comportamental é consistente ao longo do tempo”, disse Slimmon. “Depois de grandes quedas, as pessoas ficam pessimistas, mas quando o mercado começa a subir - e já tivemos dois trimestres consecutivos de retornos positivos - comportamentalmente, começa a atrair os investidores e você começa a ver uma progressão do medo para o FOMO. "

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