Barcelona, Espanha — Restando cerca de uma semana de caixa no Tesouro dos Estados Unidos, o Congresso continua sem um acordo para elevar o teto da dívida do país. Diante da possibilidade de um calote histórico, a tolerância dos mercados a esse impasse dá sinais de esmorecer. Hoje, os investidores esperam pelos detalhes da ata da reunião de maio do Federal Reserve (Fed).
Os futuros de índices dos Estados Unidos recuavam pouco, mas na Europa a maioria dos índices perdia mais de 1%. O humor dos investidores piorou com o aumento da inflação além do previsto no Reino Unido, afetando papéis do setor imobiliário e de montadoras.
Na Ásia, as bolsas caíram ao redo de 1% também, com a tensão entre a China e os EUA aumentando após a proibição de Pequim de compras de produtos da Micron Technology Inc. (MU) por motivos de segurança nacional.
No mercado de dívida, os prêmios dos títulos do Tesouro norte-americano com dez anos de prazo registravam queda, a 3,694% anuais, depois de uma alta substancial pelo risco da dívida norte-americana. Em outros mercados, o ouro e o petróleo se valorizam enquanto o bitcoin recuava 1,47% às 6h20 de Brasília.
→ O que move os mercados hoje
⏳ Sem previsão. Após uma reunião de duas horas no Capitólio na terça-feira (23), o deputado republicano Garret Graves, porta-voz do presidente da Câmara Kevin McCarthy na negociação, disse que ambos os lados continuavam em um impasse e que não há data prevista para uma nova reunião. O feriado do Memorial Day adiciona mais tensão: os legisladores da Câmara planejam deixar Washington na quinta-feira e voltar à ação só na próxima semana.
🌪️ Tempestade à vista? Nouriel Roubini, famoso por suas previsões catastróficas, acredita que as negociações para evitar um calote dos EUA podem se arrastar “até a última hora” antes de haver um acordo. “Ou é possível que não cheguem a um acordo. Se isso não acontecer, o mercado vai quebrar.”
💂♀️ Inflação persiste. No Reino Unido, a inflação continuou desafiando as projeções em abril e subiu +8,7%, indo além da estimativa de 36 economistas e do próprio Banco da Inglaterra (BoE), de +8,4% para o período. O núcleo do IPC também acelerou para +6,8%, e o mercado já prevê mais altas de juros para uma máxima de 5,5%.
💸 Risco em evidência. A Standard & Poor’s reduziu o rating de crédito de longo prazo do SoftBank para o grau ‘junk’, de BB+ para BB. Segundo a agência de rating, os riscos de crédito cresceram devido à venda de ativos públicos, como o Alibaba Group, e à maior exposição a startups com avaliações mais voláteis. Os papéis do SoftBank perderam -2,36% em Tóquio.
🌩️ Cortes na nuvem. A divisão de nuvem do Alibaba Group (BABA) deu início aos cortes de empregos, que podem alcançar 7% da equipe desse setor, segundo a Bloomberg. A decisão faz parte da estratégia de cisão e de um possível IPO. A Alibaba Cloud é uma das maiores empresas que serão criadas em uma divisão de seis partes da controladora. As ações do Alibaba caíram -3,7% em Nova York.
💲 Força do dólar. Analistas do Goldman Sachs acreditam que o dólar tem mais espaço para se valorizar do que está sendo precificado pelo mercado, já que as condições de crédito nos EUA não pioraram tanto quanto se previa. O impasse sobre o teto da dívida também reforça o apelo de porto seguro da moeda, enquanto a atividade na China e na Europa contrariam as expectativas de recuperação, favorecendo a moeda norte-americana.
💰 Fortuna volátil. Depois de se expandir ao longo deste ano, a fortuna pessoal de Bernard Arnault, o homem mais rico do mundo, encolheu US$11,2 bilhões ontem para US$191,6 bilhões. As ações de sua empresa LVMH, dona das marcas Louis Vuitton, Moët & Chandon e Christian Dior, recuaram devido à preocupação de que a demanda por bens de luxo diminua com o enfraquecimento da economia dos EUA.
🟢 As bolsas ontem (23/05): Dow Jones Industrials (-0,69%), S&P 500 (-1,12%), Nasdaq Composite (-1,26%), Stoxx 600 (-0,60%), Ibovespa (-0,26%)
Nos EUA, a ausência de progresso aparente nas negociações para o teto da dívida pesou sobre o sentimento de investidores. No Brasil, o recuo foi menor graças ao avanço de ações da Petrobras e à expectativa de votação do projeto do arcabouço fiscal no Congresso.
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Na agenda
Esta é a agenda prevista para hoje:
• EUA: Discurso de Janet Yellen/Tesouro, Pedidos de Hipotecas e Índice de Compras MBA, Estoques de Petróleo Bruto
• Europa: Reino Unido (IPC/Abr, IPP/Abr, Índice CBI de Tendências Industriais/Mai); Alemanha (Índice Ifo de Clima de Negócios/Mai)
• Ásia: Japão (Investimento Estrangeiro)
• América Latina: Brasil (IGP-M); México (IPC-15/Mai); Argentina (Vendas no Varejo)
• Bancos centrais: Atas da Reunião do FOMC de 2 e 3 de maio (Fed), Discurso de Andrew Bailey (BoE), Reunião de Política Não Monetária (BCE), Relatório Mensal do Banco Central da Alemanha)
• Balanços: NVIDIA, Lenovo
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(Com informações da Bloomberg News)
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