Bloomberg — Nouriel Roubini, economista conhecido nos mercados por suas previsões catastróficas que em muitos casos se concretizam, fez um alerta nesta quarta-feira (24) de que as negociações políticas em torno do aumento do teto da dívida dos Estados Unidos podem se arrastar ao limite e que um eventual fracasso nas negociações para chegar ao acordo pode ter um efeito devastador.
“Eles [políticos envolvidos nas negociações] podem ir até a última hora antes de chegarem a um acordo”, disse o economista da NYU em entrevista à Bloomberg TV. “Ou é possível que eles não cheguem a um acordo. Se isso não acontecer, o mercado vai despencar.”
As negociações sobre o teto de endividamento em Washington chegaram a um novo impasse, com as duas partes ainda distantes de acordo em questões fundamentais, especialmente sobre os cortes de gastos exigidos pelos republicanos.
O tempo está se esgotando para evitar um calote histórico dos EUA, já que falta apenas uma semana para o prazo informado pelo Tesouro, de 1º de junho.
Os republicanos intensificaram suas acusações de que o presidente Joe Biden não teria urgência nas negociações, enquanto um assessor democrata disse que o presidente da Câmara, Kevin McCarthy, não estava disposto a fazer concessões em um amplo espectro de pontos, ameaçando as perspectivas legislativas de um acordo.
O impasse em Washington continua a afetar os mercados de ações. Se ocorrer um calote, os economistas projetam que isso poderia lançar os EUA em uma recessão que já estava no radar para os próximos meses, com perdas generalizadas de empregos e outras consequências econômicas que se estenderão até o próximo ano eleitoral.
Risco geopolítico
Durante a entrevista concedida no âmbito do Fórum Econômico do Catar, Roubini disse também que a “guerra fria entre os EUA e a China vai ficar mais fria”, o que pode repercutir nos mercados, desacelerar o crescimento econômico e aumentar os preços das commodities.
Os líderes do G7 (grupo que reúne sete das maiores economias do mundo desenvolvido) usaram uma cúpula realizada na semana passada em Hiroshima, no Japão, para discutir como enfrentar a China coletivamente.
Eles concordaram em buscar relações “construtivas e estáveis”, mas, ao mesmo tempo, avançaram com medidas para reduzir a dependência de Pequim em relação às cadeias de suprimentos essenciais.
“Não haverá nenhuma reaproximação entre os EUA e a China”, disse Roubini. “A reação chinesa a essa cúpula do G7 é que a Europa, os EUA, o Japão e outros estão se unindo contra a China.”
Roubini destacou a ameaça de uma “depressão geopolítica” entre os maiores riscos enfrentados pelos mercados, apontando ainda as consequências da invasão da Ucrânia pela Rússia e a possibilidade de uma escalada entre o Irã e Israel.
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