Mercados hesitam em semana crucial para acordo sobre dívida dos EUA

Além das medidas que permitirão aos EUA honrar sua dívida, os investidores acompanham nesta semana a ata do Fed e uma bateria de indicadores macroeconômicos

Estes são os eventos que orientam os investidores hoje
22 de Maio, 2023 | 06:23 AM

Barcelona, Espanha — O desenlace em torno das medidas que permitirão ao Estados Unidos aumentarem os gastos e, portanto, cumprirem o pagamento de sua dívida jogam sombra nos mercados, que prioriza a cautela antes de posições mais arriscadas. A agenda semanal destaca, também, a ata da última reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) do Federal Reserve (Fed).

No começo da manhã, os futuros de índices operavam no vermelho, ainda que instantes atrás os principais contratos futuros hesitavam e tentavam, ainda que sem muita convicção, migrar para o território positivo. Na Europa, os principais indicadores operavam em sentidos contrários.

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Na Ásia, as bolsas fecharam em alta, ajudadas pelo aceno de Joe Biden de que as relações com a China estavam a caminho de uma melhora. As ações de Hong Kong lideraram os ganhos, com o índice Hang Seng saltando mais de 1%, impulsionado por empresas de tecnologia. O mercado também aproveitou as quedas semanais recentes no mercado asiático para procurar barganhas.

No mercado de dívida, o título do Tesouro norte-americano com dez anos de prazo melhorava seu valor nominal, com prêmios baixando para os 3,653% anuais. O ouro, antes em baixa, instantes atrás subia. Já as negociações com petróleo indicavam perdas. O bitcoin era cotado com ligeira desvalorização, a US$ 26.844 às 6h20 de Brasília.

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→ O que move os mercados hoje

🧪 Catalisadores do mercado. Esta semana será carregada de indicadores e intervenções de membros de bancos centrais. Os investidores, portanto, estarão atentos aos sinais que possam interferir na decisão de política monetária do Fed. Dentre as referências macroeconômicas, a mais importante vem na sexta-feira com o deflator do consumo privado dos EUA (PCE).

⏳ Crise da dívida nos EUA. Falta uma semana para a data limite da dívida dos EUA. O tempo se esgota e o país ainda está às voltas dos debates sobre ampliar ou não o teto dos gastos públicos. O presidente da Câmara, Kevin McCarthy, e o presidente Joe Biden têm previsto hoje um encontro para a retomada das discussões. Um acordo precisaria ser alinhavado o quanto antes, considerando que os legisladores podem levar dias para aprová-lo. As ações estão prontas para cair caso o país não suba o limite da dívida e atrase os compromissos do governo.

A secretária do Tesouro, Janet Yellen, disse no domingo que as chances são “bastante baixas” de que os EUA possam pagar todas as suas contas até meados de junho, ressaltando a urgência da situação.

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🫱🏻‍🫲🏽 Uma notícia positiva... Enquanto tenta reestabelecer a ordem na situação de solvência de seu país, Joe Biden disse esperar que os laços com a China melhorem “muito em breve”, depois que uma divergência sobre balões espiões no início do ano prejudicou as relações diplomáticas. Biden falou com jornalistas no final da cúpula do Grupo dos Sete no Japão.

🟠 ...que logo perdeu o brilho. Os comentários do presidente dos EUA se deram antes de vir a público mais um capítulo da guerra de semicondutores travada entre os dois países. A China anunciou ontem ter encontrado riscos de segurança cibernética nos produtos da Micron Technology Inc. e advertiu contra o uso destes componentes. O setor de tecnologia tornou-se um importante campo de batalha sobre a segurança nacional entre as duas maiores economias mundiais.

🫴🏻 Uma “mãozinha” para a economia. China manteve inalteradas suas taxas de juros (3,65% ao ano para os empréstimos de 12 meses e 4,30% para os vencimentos em cinco anos). Também cortou em 0,25 ponto percentual o RRR, a quantidade de caixa que os bancos devem manter em reservas. Com estas medidas, o gigante asiático quer impulsionar o sentimento do mercado e apoiar o avanço do crédito.

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😔 Ode à desilusão. O estrategista Michael Wilson, do Morgan Stanley, considerado uma das vozes mais pessimistas de Wall Street, alertou aos investidores que não se iludem que a recuperação das ações dos EUA é o início de um novo mercado altista. Segundo ele, há muitas evidências, tanto fundamentais quanto técnicas, apontando para problemas de mercado à frente. Ele pede a seus clientes que não se deixem levar pela última alta, que viu o S&P 500 subir brevemente acima de 4.200 pontos na semana passada, seu nível mais alto desde agosto de 2022.

🛫 Recuperando o tempo perdido. A irlandesa Ryanair, que nas últimas três décadas se consolidou como um ícone entre as companhias aéreas de baixo custo, trouxe uma mensagem pouco alentadora aos seus clientes: a de que a era de tarifas ultrabaratas pode ter acabado. Isso depois de ter anunciado, hoje, um lucro após impostos quase recorde, de €1,43 bilhão (US$1,5 bilhão) no ano fiscal findo em 31 de março. Um ano antes, a empresa havia reportado um prejuízo de €355 milhões. Os preços das passagens em todo o setor estão subindo. Os motivos: a forte demanda por viagens de verão, o aumento dos custos de energia e a escassez de aeronaves, já que as companhias aéreas trabalham para renovar sua frota.

📴 Programação interrompida. O Instagram, rede social que pertence à Meta Platforms Inc., pareceu ter sofrido uma interrupção na noite de domingo nos Estados Unidos, com dezenas de milhares de usuários relatando que não conseguiam acessar o serviço, conforme registros do site de rastreamento Downdetector. Esta foi a segunda interrupção generalizada em pouco mais de dois meses.

Os mercados esta manhã

🟢 As bolsas na sexta-feira (19/05): Dow Jones Industrials (-0,33%), S&P 500 (-0,14%), Nasdaq Composite (-0,34%), Stoxx 600 (+0,66%), Ibovespa (+0,58%)

O principal índice da bolsa brasileira descolou de Nova York para engatar a quarta semana consecutiva de ganhos, já de volta ao patamar dos 110.000 pontos. Nos EUA, nem declarações de Jerome Powell de que o juro pode subir menos ou parar de subir por causa dos efeitos sobre o crédito decorrentes da crise bancária impediram um dia de perdas.

Saiba mais sobre o vaivém dos Mercados e se inscreva no After Hours, a newsletter vespertina da Bloomberg Línea com o resumo do fechamento dos mercados.

Na agenda

Esta é a agenda prevista para hoje:

• EUA: Não há eventos relevantes previstos

Zona do Euro: Confiança do Consumidor/Mai, Produção do setor de Construção/Mar); Portugal (Transações Correntes/Mar)

Ásia: Hong Kong (IPC/Abr)

América Latina: Brasil (Boletim Focus); Argentina (Balanço Orçamentário/Abr)

Bancos Centrais: Fed (pronunciamentos de James Bullard, Raphael Bostic e Thomas Barkin); BCE (Luis de Guindos, François Villeroy e Robert Holzmann, Philip Lane)

Balanços do dia: Zoom, Ryanair

🗓️ Os eventos de destaque na semana →

(Com informações da Bloomberg News)

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Michelly Teixeira

Jornalista com mais de 20 anos como editora e repórter. Em seus 13 anos de Espanha, trabalhou na Radio Nacional de España/RNE e colaborou com a agência REDD Intelligence. No Brasil, passou pelas redações do Valor, Agência Estado e Gazeta Mercantil. Tem um MBA em Finanças, é pós-graduada em Marketing e fez um mestrado em Digital Business na ESADE.