Da 25 de Março ao topo: os planos do novo chefe da Whirlpool no Brasil

Gustavo Ambar assume a operação brasileira da gigante de eletrodomésticos, dona das marcas Brastemp, Consul e KitchenAid, com a missão de ampliar as vendas

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Bloomberg Línea — A Whirlpool, maior fabricante mundial de eletrodomésticos e dona das marcas Brastemp, Consul e KitchenAid, anunciou nesta semana o novo chefe da operação da gigante norte-americana no Brasil. Gustavo Ambar assume com a missão de retomar as vendas de geladeiras, lavadoras e fogões em um ambiente macro adverso, de aperto monetário e crédito mais caro para o consumidor.

Há quase cinco anos na empresa, Ambar começou a sua experiência com vendas ainda na infância. Ele vem de uma família de origem libanesa, com loja de aviamentos na rua 25 de Março, famoso corredor do comércio popular na capital paulista.

“Sou da terceira geração da família Ambar. Fui criado no chão de loja, no negócio do meu avô, que vendia botões e linhas para o atacado, para pequenas lojas de artesanato, na rua 25 de Março. Eu convivia com eles na minha época de moleque”, disse o novo general manager da Whirlpool no Brasil.

A empresa tem três unidades fabris e três centros de distribuição no país. Em entrevista à Bloomberg Línea, o executivo contou que entrou na Whirlpool já como diretor sênior de vendas. Há cerca de três anos, foi promovido à vice-presidente de Growth, até assumir agora o cargo máximo na companhia no país, em substituição a Andrea Salgueiro.

“Somos a maior operação da Whirlpool depois dos EUA”, disse o executivo.

Ele ressaltou que o ambiente macroeconômico é desfavorável não só no Brasil. “Quando o tamanho do bolo está aumentando, é menos complexo navegar. Vivemos o período da pandemia, em que o problema era sanitário e tivemos de lidar com a restrição de oferta. Agora, estamos lidando com a dinâmica da inflação e da restrição da demanda”, resumiu.

Grandes redes varejistas, como Magazine Luiza (MGLU3) e Via (VIIA3), enfrentaram dificuldades nos últimos trimestres para manter as vendas de eletrodomésticos.

“A adversidade é quase inerente ao jogo. O consumidor prioriza a escolha e não toma risco no crediário. Temos tido a colaboração dos varejistas, maiores e menores, de achar soluções para destravar e reaquecer a demanda”, afirmou Ambar.

Aposta em novos produtos e serviços

O executivo assume a operação da Whirpool no Brasil em um momento em que a participação das vendas por canais digitais no faturamento total está em queda com o fim da pandemia e a consequente reabertura das lojas físicas.

“Eram 25% [das vendas por canais digitais] antes da pandemia. Chegou perto de 50% durante a pandemia. Neste momento, está trafegando entre 35% e 40%, mais perto de 35% para toda a indústria e para a companhia”, dimensionou o executivo.

Para ampliar as vendas, a fabricante tem colocado no mercado produtos mais baratos, como geladeira com menor capacidade e prateleiras móveis, ou com inovação, como um forno com airfryer acoplada, uma lavadora com duo basket, que permite lavar roupa branca e colorida ao mesmo tempo, e fogões elétricos (cooktops).

“Buscamos trazer soluções para necessidades que antes não eram percebidas pelo consumidor”, afirmou Ambar. Sem fornecer mais detalhes, ele disse que há produtos “no forno”, à espera de certificações.

Segundo ele, a Whirpool mantém seus investimentos na região, como uma nova planta na Argentina, voltada para atender aos mercados do Cone Sul e o brasileiro.

“Nosso apetite não reduziu. Nossa grande ambição é retomar a demanda. Não tem nada mais importante do que isso”, disse o executivo.

Um dos caminhos da Whirlpool é elevar as receitas com serviços acessórios, como a instalação de produtos, a garantia estendida e a venda de produtos seminovos - esta uma tendência que vem ganhando força no mercado de bens duráveis, segundo Ambar.

Ele evitou falar da política de M&A da Whirlpool, que nos últimos anos foi apontada como uma potencial interessada pela Esmaltec, fábrica de geladeiras e fogões populares do GEQ (Grupo Edson Queiroz).

“Como líder em eletrodomésticos, estamos sempre avaliando alternativas, mas não falamos sobre elas. Sempre estudamos e consideramos as possibilidades”, disse o executivo.

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