Cinco assuntos quentes para o Brasil nesta semana: do arcabouço à ata do Fed

Investidores monitoram a crise da dívida dos Estados Unidos, a votação do projeto do arcabouço fiscal no Congresso e a divulgação do IPCA-15, entre outros eventos

Por

Bloomberg — A divulgação do IPCA-15 de maio deve mostrar aceleração na taxa e endossar o tom de cautela do Banco Central com a inflação, apesar das pressões pela redução da Selic. A Câmara vota o projeto do arcabouço fiscal. Nos Estados Unidos, o mercado continua a acompanhar negociação do teto da dívida e monitora a divulgação do PCE de abril e da ata da última reunião do Fomc (Fed).

Veja os eventos que são os destaques da semana que começa:

1. Prévia da inflação

O IPCA-15 sai no dia 25 (quinta-feira) e a mediana das previsões dos economistas indica que o índice terá aceleração tanto na comparação mensal, de 0,57% para 0,61%, quando na anual, de 4,16% para 4,18%. Caso os números se confirmem, será a primeira aceleração em cerca de um ano do dado acumulado em 12 meses.

“Alimentação deve ter alta mais forte, enquanto os custos de transporte devem ter desacelerado. As medidas de núcleo e difusão devem seguir desconfortáveis, compatíveis com inflação acima da meta”, disse a economista Adriana Dupita, da Bloomberg Economics.

2. Expectativas de inflação

Na segunda-feira (22), o mercado avaliará a pesquisa Focus em busca de qualquer sinal de alívio nas projeções de inflação, que é uma condição básica para o BC considerar uma redução nas taxas de juros, após a entrega do texto do relator do arcabouço fiscal.

Na última pesquisa, a projeção para o IPCA deste ano passou de 6,02% para 6,03%. A projeção de 2024, que é central no horizonte relevante do BC, oscilou de 4,16% para 4,15%, ainda muito acima da meta de 3%.

3. Votação do arcabouço

O arcabouço fiscal deve começar a ser discutido no plenário da Câmara entre terça (23) e quarta-feira (24), segundo o presidente da casa, Arthur Lira. Se aprovado pelos deputados, o texto segue para o Senado.

O regime de urgência foi aprovado na quarta por ampla maioria. Foram 367 votos favoráveis, 102 contrários e uma abstenção.

As mudanças feitas pelo relator abrem a possibilidade de ampliação de gastos que poderia chegar a até R$ 80 bilhões ao longo de 2024 e 2025, segundo o Estado, que citou estimativas feitas por economistas. O relator do projeto, Claudio Cajado, disse que este valor de aumento de gastos é fantasioso.

4. Teto da dívida, PCE e ata do Fed

O mercado monitora as negociações para o teto da dívida dos EUA. O presidente Joe Biden e o líder da Câmara, Kevin McCarthy, têm reunião nesta segunda-feira após a retomada das conversas para evitar um default.

A agenda americana destaca ainda a ata da última reunião do Fomc, no dia 24, além do PCE de abril e de nova estimativa para o PIB americano no primeiro trimestre.

“Esperamos que a ata do Fomc revele o quão unido - ou não - o comitê está em 5,25% como pico, e o PCE deve endossar a persistência da inflação”, diz a Bloomberg Economics.

James Bullard e outros dirigentes do Fed falam na semana. BC da China decide sobre juros de empréstimos de um e 5 anos neste domingo.

5. Agenda das empresas

A Oi, que pediu recuperação judicial pela segunda vez em sete anos no começo de março, deve divulgar os resultados do quarto trimestre e de 2022 nesta segunda-feira (22), depois de adiar a data previamente informada, que era 26 de abril.

A companhia terá sua concessão discutida pela Anatel, que avalia se a empresa tem condições econômicas de manter a outorga e prestar um serviço adequado aos clientes.

A Afya, listada na Nasdaq, também divulga o balanço, e a Raízen reúne analistas e investidores no Raízen Day 2023, ambos na quarta-feira.

Em 25 de maio, Dia da Indústria, governo pode anunciar medidas para a indústria automotiva, segundo o vice-presidente Geraldo Alckmin.

Veja mais em Bloomberg.com

Leia também

Chicago sofre para se reerguer após trabalho remoto e fuga de empresas na pandemia

Como o minério de ferro extraído na Amazônia se tornou a grande aposta da Vale

Por que o sucesso no leilão do aeroporto de Natal não deve se repetir mais