Sinal para o Ibovespa? Emergentes entram no foco de investidores de Wall Street

Gestores, analistas e traders apostam em ativos de países emergentes para se proteger de possível recessão nos EUA, indica pesquisa da Bloomberg

61% dos 234 gestores de investimentos, analistas e traders entrevistados disseram que esperam aumentar a exposição a ativos em países em desenvolvimento nos próximos 12 meses
Por Scott Squires - Karl Lester
21 de Maio, 2023 | 11:51 AM

Bloomberg — Os investidores de Wall Street planejam aumentar as apostas nos mercados emergentes, de acordo com a última pesquisa Markets Live Pulse, da Bloomberg, em um sinal de que a classe de ativos se tornou a favorita para aqueles que temem os reflexos de uma recessão nos Estados Unidos.

Cerca de 61% dos 234 gestores de investimentos, analistas e traders entrevistados disseram que esperam aumentar a exposição a ativos em países em desenvolvimento nos próximos 12 meses, mesmo com o aumento da preocupação sobre uma possível desaceleração da economia americana e as incertezas sobre os próximos passos do Federal Reserve em relação à taxa de juros.

PUBLICIDADE

A classe de ativos dos emergentes, dizem eles, oferece proteção caso o esforço do banco central americano contra a inflação levar os EUA a uma recessão.

“As economias dos países em desenvolvimento são muito mais resilientes hoje do que eram há 30 anos, e os bancos centrais dos mercados emergentes têm sido muito mais responsáveis em lidar com o aumento da inflação do que o mundo desenvolvido”, disse Justin Leverenz, que administra o US$ 26 bilhões do Invesco Developing Markets Fund, um dos principais fundos de ações de países emergentes com melhor desempenho do mundo neste ano.

“Há um valor significativo em todo o cenário dos mercados emergentes”, disse ele. “Nos últimos 10 anos, as economias emergentes não apenas se tornaram mais resilientes, mas também foram quase totalmente negligenciadas pelos investidores globais.”

PUBLICIDADE
Regiões que devem ter maior retorno, segundo entrevistados

Cerca de 49% dos entrevistados disseram que, mesmo que uma recessão nos EUA cause um declínio nos ativos emergentes, seu crescimento subjacente e valuations atraentes ainda os ajudarão a superar outros mercados maduros.

Malcolm Dorson, gestor da Global X Management em Nova York, também disse que os mercados emergentes estão mais bem posicionados do que as principais economias após a pandemia. Isso está ajudando certos países em desenvolvimento a evitar o mesmo tipo de política e a ressaca que ameaça os EUA e a Europa após os estímulos adotados durante a pandemia.

“Vemos o potencial de crescimento subjacente melhorar para mercados emergentes, os valuations são baratos e a atração de longo prazo dos mercados emergentes permanece inalterada”, disse Devan Kaloo, diretor global de mercados emergentes da Abrdn.

PUBLICIDADE

Ativos favorecidos

O desempenho superior relativo, mostra a pesquisa, provavelmente virá das ações. Cerca de 41% dos entrevistados disseram que as ações são a melhor escolha de investimento em mercados emergentes nos próximos 12 meses.

Pelo menos parte desse otimismo se resume a uma oportunidade relativa. O índice MSCI Emerging Markets subiu apenas 2,2% até agora este ano, em comparação com um ganho de 9,2% em um indicador semelhante de ações de mercados desenvolvidos.

Ativos de países emergentes mais atraentes

“Precisamos de economias emergentes que possam sustentar níveis razoáveis de produção potencial e negócios que possam criar valor”, disse Lewis Kaufman, cujo fundo de US$ 3,7 bilhões (Artisan Developing World Fund) superou 99% dos pares baseados nos EUA até agora este ano.

PUBLICIDADE

Em termos geográficos, os entrevistados também aproveitaram as oportunidades no Sudeste Asiático. A maioria dos que responderam disse que os ativos da região forneceriam os melhores retornos nos mercados emergentes em uma base de dois anos.

“O Sudeste Asiático é um dos melhores lugares para investidores de longo prazo”, disse Aninda Mitra, macro e estrategista de investimentos do BNY Mellon Investment Management em Cingapura. “Há um histórico de sólida gestão macroeconômica, melhor demografia e um fluxo cada vez maior de investimento estrangeiro direto.”

O crescimento econômico está se normalizando à medida que a economia da China reabre e a indústria se expande, de acordo com Alexander Davey, chefe de capacidade global para ações ativas do HSBC Asset Management. O Goldman Sachs, por sua vez, apontou oportunidades em ações de bancos da Tailândia.

Visão dos investidores sobre o desempenho de ativos de emergentes durante uma eventual recessão nos EUA

Daqueles que responderam à pesquisa da Bloomberg, realizada de 15 a 19 de maio, cerca de 65% estavam na Europa ou na América do Norte. Cerca de 19% disseram estar baseados na Ásia. A maioria dos entrevistados se identificou como gerentes de portfólio, investidores de varejo ou estrategistas.

O MLIV Pulse é uma pesquisa semanal dos leitores do Bloomberg News no terminal e online, conduzida pela equipe Markets Live da Bloomberg, que também administra um blog MLIV 24 horas por dia, 7 dias por semana no terminal.

-- Com colaboração de Netty Ismail e Srinivasan Sivabalan.

Veja mais em Bloomberg.com

Leia também

Na maior feira de Bitcoin do mundo, a sensação de que o inverno cripto passou

O que é a ‘geração laptop’ que Elon Musk defende que tem que acabar