Fundos de Wall Street buscam proteção contra a alta volatilidade cambial

Investidores temem que o aperto do crédito e o menor volume de negociações durante o verão no Hemisfério Norte possa levar a uma maior oscilação no mercado

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Bloomberg — Investidores internacionais preocupados com possíveis meses turbulentos pela frente estão fortalecendo suas carteiras com operações futuras e opções que lucram com a volatilidade nos mercados de câmbio.

A Invesco e a Fulcrum Asset Management estão entre as gestoras que recorrem a derivativos associados às principais moedas para proteger seus portfólios. A mesa de opções do Nomura teve demanda crescente por esse tipo de proteção.

Mesmo que um acordo de última hora para evitar um default nos Estados Unidos seja alcançado, ele ocorreria em meio a um ciclo de alta de juros intenso.

Uma série de quebras de bancos deixou o mercado se perguntando o que poderia desencadear a próxima crise financeira, enquanto um salto na quebra de empresas aumenta os temores de uma crise de crédito.

Tudo isso prepara o terreno para meses perigosos, bem quando a chegada do verão no Hemisfério Norte no mês que vem tende a diminuir os volumes de negociação e exacerbar as oscilações do mercado.

“Mesmo se não houvesse risco de teto de dívida, ainda estaríamos apostando em mais volatilidade cambial”, disse Oliver Brennan, estrategista do BNP Paribas que recomenda aumentar exposição a mercados futuros de câmbio de prazo mais longo que protegem contra o aumento da volatilidade. “Você tem muitos motivos para ela subir.”

O nervosismo sobre o teto da dívida americana lembra um impasse semelhante em 2011, que causou grandes oscilações de preços em todas as classes de ativos.

Os modelos da Fulcrum sugerem ficar vendido em volatilidade de juros e comprado em volatilidade de câmbio, disse Stephen Crewe, sócio da gestora. “Há muito com o que se preocupar durante o verão [no Hemisfério Norte],” disse ele.

As expectativas do mercado para a volatilidade de três meses do par euro-dólar caiu de 12,5% no final de setembro, para cerca de 7% atualmente, um “movimento significativo para baixo”, disse Crewe. “Se algo acontecer, a reação vai ser muito rápida.”

Dada a dificuldade de prever como o dólar pode reagir em caso de um default técnico nos EUA, é mais fácil apostar na volatilidade do que nas taxas de câmbio em si. Embora a demanda por refúgio possa fortalecer a divisa americana, o mercado também pode ser tomado por dúvidas sobre a credibilidade das instituições e ativos dos EUA.

--Com a colaboração de Sujata Rao-Coverley.

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