JPMorgan prevê recessão nos EUA e diz que corte de juros pelo Fed está próximo

Com preferência pela alocação em títulos do Tesouro americano, braço de gestão do JPMorgan vê Federal Reserve cortando os juros em setembro

Banco prevê como certa uma recessão na maior economia do mundo
Por Ruth Carson
17 de Maio, 2023 | 08:13 AM

Bloomberg — Uma recessão nos Estados Unidos é uma certeza e o Federal Reserve pode reduzir as taxas de juros já no terceiro trimestre, à medida que o crescimento perde força, de acordo com o braço de gestão de ativos do JPMorgan (JPM).

“O mercado está certo em apostar em cortes [dos juros]”, disse à Bloomberg News Seamus Mac Gorain, chefe de taxas globais da JPMorgan Asset Management em Londres.

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“A inflação está muito alta e será necessária uma recessão para reduzi-la”, disse ele, acrescentando que os problemas bancários dos EUA “só tornaram uma recessão mais provável”.

Mac Gorain, que na alocação tem preferência por títulos do Tesouro, está do lado dos operadores de swaps que preveem que o Fed fará um corte dos juros já em setembro para conter a desaceleração do crescimento.

Mas o banco central dos EUA repetidamente se opôs a essa ideia, levantando a possibilidade de que tais apostas possam sair pela culatra se as autoridades mantiverem uma postura restritiva para conter a inflação.

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As opiniões de Mac Gorain diferem das do Goldman Sachs (GS) e do Barclays, que alertam que o Fed será menos agressivo no corte das taxas de juros este ano do que os mercados estão prevendo.

O JPMorgan vê os títulos do Tesouro americano como o melhor hedge contra uma desaceleração e vê potencial para os rendimentos de 10 anos caírem abaixo de 2,5% no caso de uma recessão profunda. O rendimento dos EUA de 10 anos estava sendo negociado em torno de 3,52% nesta quarta-feira (17), depois de subir para 4,09% no início deste ano.

“Os Treasuries ainda são o melhor mercado”, disse Mac Gorain, acrescentando que “outros mercados começaram a se tornar mais atraentes”, incluindo também as taxas a termo de longo prazo na Europa.

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“O ponto real para começar a investir será quando você ver evidências claras de que a inflação está voltando nesses mercados, o que pode não ocorrer até um pouco mais tarde no verão [do hemisfério norte]”, disse ele.

Confira a seguir outros destaques da entrevista com Mac Gorain:

Teto da dívida

Segundo Mac Gorain, o resultado mais provável é que seja resolvido após um episódio de estresse de mercado. “Você terá esse tipo de volatilidade do mercado exatamente como em 2011 e isso será suficiente para impulsionar o processo político”, disse.

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É difícil dizer exatamente quando isso acontecerá, se será nas próximas semanas ou um pouco mais tarde no verão do hemisfério norte, disse. “Mudamos de títulos do Tesouro dos EUA de prazo muito curto. Podemos obter um rendimento maior, por exemplo, possuindo letras japonesas em vez de letras do Tesouro”.

Vendido em Japão

O JPMorgan tem posição vendida (aposta na queda) em títulos japoneses. “Como existe a possibilidade de o Japão voltar para a inflação de 2%, acho que realmente não há prêmio de risco suficiente na curva de rendimento japonesa para refletir isso”, avalia.

Segundo ele, o mais provável é que o BOJ mude de menos 50 pontos-base para 100 pontos-base em seu controle de curva de rendimento em algum momento.

Otimista com EM

Para Mac Gorain, as taxas locais em mercados emergentes são estrategicamente atraentes. “De um modo geral, a natureza da inflação tem sido um pouco diferente, tem sido mais impulsionada pelas commodities”, diz.

“Os rendimentos reais são bastante atraentes em muitas dessas economias, e os bancos centrais dos mercados emergentes lidaram com esses episódios de inflação muito melhor do que os bancos centrais dos países desenvolvidos. Um mercado de que gostamos é o México.”

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