Bloomberg Línea — A Oncoclínicas (ONCO3), maior grupo voltado ao tratamento do câncer na América Latina, reportou uma receita recorde de R$ 1,3 bilhão no primeiro trimestre, com crescimento de 60,1% em 12 meses. O resultado refletiu a integração de aquisições concluídas durante o ano de 2022 e a aceleração das operações de cancer centers, segundo o CEO da companhia, Bruno Ferrari, e o CFO Cristiano Camargo, em entrevista à Bloomberg Línea.
O lucro líquido alcançou a marca de R$ 41 milhões entre janeiro e março, revertendo um prejuízo de R$ 16 milhões no mesmo período do ano passado. Foi o terceiro trimestre consecutivo de crescimento. Já a geração de caixa operacional, medida pelo Ebitda (R$ 277 milhões), foi a maior da história da companhia, cujo maior acionista é o banco norte-americano Goldman Sachs com 60% do capital.
“Tivemos ganhos de alavancagem e eficiência operacionais nos últimos trimestres”, disse Ferrari.
O executivo tem apostado em joint ventures e parcerias para aumentar a escala da companhia, capturando sinergias. Na semana passada, por exemplo, anunciou acordo com o GSL (Grupo Santa Lúcia) para avançar em cuidados oncológicos no Distrito Federal. A parceria envolve uma participação nos lucros em que cada empresa obtiver em valor proporcional à contribuição do Ebitda, com um potencial para a Oncoclínicas adicionar R$ 58 milhões a esse indicador em 2025.
“Este é o ano de priorizar a conclusão das integrações”, resumiu o CFO.
Na semana passada, o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) aprovou a criação de uma joint venture entre a companhia e a vertical de serviços da Porto (PSSA3), uma das maiores seguradoras do país. A sociedade, que fixa participação de 60% para Oncoclínicas e 40% para a Porto, visa oferecer serviços de cuidado oncológico integral às vidas atendidas pela seguradora.
Em 2022, a Oncoclínicas anunciou também a construção de um cancer center em São Paulo, por meio de uma joint venture com a Unimed Nacional, além de ter concluído a parceria com o Hospital Santa Izabel para um cancer center em Salvador.
Investimento de R$ 145 mi em Goiânia
O CEO destacou no plano de negócios o investimento de R$ 145 milhões anunciado em janeiro na construção de um novo complexo hospitalar e centro integrado de tratamento ao câncer em Goiânia, com inauguração prevista para início de 2026. As sinergias serão divididas com o Dana-Farber Cancer Institute, um dos principais centros de tratamento e pesquisa em câncer no mundo.
“Serão 320 leitos e 18 salas cirúrgicas em Goiânia. Será um dos maiores hospitais da região Centro-Oeste e ficará pronto em dois anos e meio”, disse Ferrari, acrescentando que haverá ainda uma unidade de terapia celular CAR-T, aceleradores lineares para radioterapia e cuidados continuados, além de especialidades médicas e multidisciplinares.
O empreendimento faz parte do plano de expansão da Oncoclínicas, cuja ação já acumula uma valorização de 71% na B3 no acumulado deste ano até segunda, refletindo o otimismo do mercado com as perspectivas de crescimento e os ganhos de escala na negociação com fornecedores.
No primeiro trimestre, o número de tratamentos prestados aos pacientes pela companhia aumentou 46,7% em 12 meses, atingindo um total de 151,1 mil.
O CFO disse considerar que os números positivos refletem a extração de sinergias das aquisições mais recentes e a ampliação de um modelo integrado de cuidado com o paciente oncológico.
“Os números mostram como a companhia conduz suas operações, manejando as sinergias capturadas de novas aquisições e reorganizando sua distribuição tributária″, reforçou Camargo.
Já a margem bruta da Oncoclínicas avançou para 36,4% (ante 33,6% no primeiro trimestre de 2022), em razão de ganhos de eficiência das unidades de alta complexidade, levando ao crescimento de 73,4% do lucro bruto no trimestre, que atingiu R$ 1,7 bilhão. Em três meses, a Oncoclínicas reduziu seu nível de despesas operacionais de 17,6% para 15%.
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