‘Avaliamos a Braskem e outras. O plano é dobrar de tamanho’, diz CEO da Unipar

Parceria com a Atlas em projeto de R$ 800 mi em MG contribui para a companhia chegar a 80% da energia que consome proveniente de autoprodução de renováveis até 2024

Maurício Russomanno, CEO da Unipar: plano de expansão prevê dobrar de tamanho nos próximos anos
16 de Maio, 2023 | 09:31 AM
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Bloomberg Línea — A Unipar (UNIP6) planeja crescer de forma orgânica e por meio de aquisições em um cenário desafiador, com juros elevados e demanda abaixo do esperado em setores importantes.

A companhia química, uma das maiores do país, elevou a aposta em renováveis e espera atingir 80% do seu consumo total de energia elétrica proveniente de autoprodução – eólica e solar – até o final de 2024, o que deve contribuir para otimizar custos.

Ao mesmo tempo, avalia proposta pela Braskem (veja mais abaixo) e por outras companhias e investe para atender as operadoras de saneamento, setor que deve puxar o seu crescimento neste ano. O plano é dobrar de tamanho.

Segundo o CEO da Unipar, Maurício Russomanno, a expectativa é que a construção civil tenha uma desaceleração da demanda neste ano, apesar do estoque de obras em andamento. O grupo também depende da demanda da indústria, principalmente de empresas exportadoras de papel e celulose e mineração, que vêm sendo impactadas pelo cenário global.

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“Saneamento será nosso principal driver de crescimento em 2023, seja com projetos antigos ou novos”, disse o executivo em entrevista exclusiva à Bloomberg Línea.

O executivo explicou que a Unipar entra na cadeia de fornecimento das operadoras de saneamento na fase em que as estações de tratamento já estão funcionando. O novo marco regulatório acelerou o tratamento de água e esgoto ou a abrangência dos serviços, o que levou a um aumento de demanda.

Já nos locais em que as estações de tratamento ainda serão construídas, o impacto será de médio prazo, disse. “De olho no futuro, estamos expandindo a capacidade da fábrica de Santo André (SP) em 15%. Também anunciamos uma fábrica nova na Bahia, que vai começar a operar no final do ano que vem. Estamos fazendo investimentos antecipando o que virá com o novo marco”, destacou.

Inserida em uma atividade eletrointensiva, a companhia está elevando a aposta em autoprodução de energia com foco em fontes renováveis. Segundo Russomanno, cerca de 50% do custo variável da Unipar vem da energia elétrica.

“Sempre tivemos essa preocupação e o que podemos fazer para mitigar esse custo é a autoprodução”, disse. Nesse contexto, o grupo anunciou nesta segunda-feira (15) a antecipação do fornecimento de energia elétrica gerada por um parque solar localizado na cidade de Pirapora (MG), que foi construído no âmbito de uma joint venture entre a Atlas Renewable Energy e a Unipar.

O projeto teve investimento total de R$ 800 milhões - recursos dos sócios e de financiamentos obtidos no mercado - e deverá abastecer cerca de 25% da demanda total de energia da Unipar no Brasil.

“Com a decisão de fazer o parque solar e ter mais produção de renováveis, não dependemos do regime hídrico, garantimos acesso à energia, ganhamos previsibilidade e descarbonizamos a operação”, resumiu Russomanno.

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Meta: energia 100% renovável

A Unipar tem outros dois projetos de autogeração eólica em regime de joint venture com a norte-americana AES. Um deles está na Bahia e começou a operar no início deste ano. O outro fica no Rio Grande do Norte. Até o fim de 2024, cerca de 80% da energia consumida pelo grupo será proveniente de autoprodução de renováveis.

Para atingir 100%, a Unipar recorreu ao ambiente de contratação no regime livre. “Os 20% que faltam já fechamos a contratação no mercado livre de energia”, afirmou.

Russomanno disse que os investimentos em fontes renováveis foram feitos no momento certo. “O custo do dinheiro está mais alto no mundo. O próprio capex dos projetos aumentou muito e os equipamentos estão mais caros”, disse o executivo.

“Vai demorar alguns anos para os juros terem uma queda significativa e o ambiente vai continuar difícil para investimento de longo prazo. Mas nós vamos continuar investindo, não podemos ficar esperando.”

‘Avaliamos a Braskem e outras’

O CEO da Unipar disse que a companhia tem um plano agressivo de crescimento. “Queremos dobrar de tamanho”, destacou. Uma das maneiras de atingir essa expansão é por meio de aquisições.

No primeiro trimestre de 2023, a Unipar apresentou receita líquida de R$ 1,57 bilhão, com crescimento de 9,2% sobre os três meses finais de 2022 e queda de 17,1% na comparação anual. O Ebitda (métrica que indica o resultado operacional) atingiu R$ 490 milhões (+71% e -41%, respectivamente).

“Estamos olhando novas fábricas para aumentar a nossa abrangência e a fabricação de novos produtos. Nós sempre estamos avaliando aquisições, faz parte do nosso estudo. Se conseguirmos, vamos sim às compras”, disse Russomanno.

Neste contexto, cresce no mercado a expectativa de uma possível oferta pela Braskem (BRKM5). Um dos segmentos de atuação da Unipar é o de produção de PVC – liderado no Brasil pela concorrente petroquímica.

“Não podemos comentar sobre o processo da Braskem, não temos nenhuma proposta sobre a mesa”, disse o executivo. Ele ressaltou, porém, que não existem muitas empresas na indústria química brasileira e que, por isso, a Unipar segue avaliando as oportunidades do mercado.

“Nos preparamos bastante nos últimos anos, estamos com caixa de R$ 1,4 bilhão e dívida líquida praticamente zero. Temos capacidade não só de investir com equity mas também com alavancagem. Estamos no momento avaliando e buscando alternativas para continuar crescendo e a Braskem é uma das grandes empresas do Brasil. É uma das companhias que estamos avaliando”, disse Russomanno.

*Matéria atualizada às 12h01 com esclarecimentos da empresa sobre o contrato de energia em Pirapora (MG)

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Juliana Estigarríbia

Jornalista brasileira, cobre negócios há mais de 12 anos, com experiência em tempo real, site, revista e jornal impresso. Tem passagens pelo Broadcast, da Agência Estado/Estadão, revista Exame e jornal DCI. Anteriormente, atuou em produção e reportagem de política por 7 anos para veículos de rádio e TV.