Wilson, do Morgan Stanley: impasse da dívida dos EUA pesará sobre a bolsa

Para o estrategista-chefe do banco de Wall Street, mesmo que o teto da dívida dos EUA seja elevado, o S&P 500 ainda estará sensível a apertos de liquidez

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Bloomberg — O debate em torno do aumento do limite de gastos do governo dos Estados Unidos de US$ 31,4 trilhões deve provocar oscilações acentuadas nas bolsas. É o que prevê o estrategista do Morgan Stanley (MS), Michael Wilson.

Embora a maioria dos investidores acredite que o impasse da dívida americana será resolvido, isso não deve evitar alguma volatilidade no curto prazo, avalia o estrategista, que antecipou o movimento de baixa das bolsas dos EUA em 2022 e é conhecido por seu pessimismo.

Segundo ele, ainda que o teto da dívida fosse elevado até a data limite – quando o dinheiro do Tesouro acaba – isso ainda poderia gerar um aperto de liquidez e levar o índice S&P 500 para baixo, “devido à sensibilidade do índice a mudanças na liquidez”.

O presidente Joe Biden e o presidente da Câmara, Kevin McCarthy, que vivem um impasse, debruçados há meses sobre negociações orçamentárias, planejam se reunir na terça-feira (16) para continuar a discutir o assunto.

A inadimplência dos EUA corre o risco de desencadear um sell-off no mercado, um aumento nos custos de empréstimos e um golpe na economia global que poderia rivalizar com o crash de 2008.

Uma análise histórica feita por estrategistas do Morgan Stanley mostrou que as ações de energia e serviços públicos tiveram o melhor desempenho relativo durante os debates anteriores sobre o teto da dívida.

Setores de tecnologia, saúde e bens de consumo básicos tiveram um bom desempenho após uma resolução da questão.

Até o momento, o impacto desse impasse sobre o mercado acionário norte-americano tem sido mínimo. Isso porque os investidores também monitoram as perspectivas de crescimento econômico e os lucros corporativos.

E embora a temporada de balanços do primeiro trimestre tenha sido em grande parte melhor do que se previa, Wilson disse que continua pessimista em sua previsão para os lucros até o fim do ano, tendo em vista a desaceleração do crescimento econômico.

O mercado está se preparando para mais decepções macroeconômicas e com lucros”, disse o estrategista. Isso faz com que os investidores relutem em se concentrar em setores como bancos regionais e cíclicos de menor qualidade, apesar de seu recente desempenho inferior, disse ele.

-- Com colaboração de Farah Elbahrawy

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