Bloomberg Línea — A Espaçolaser (ESPA3) voltou ao azul. A rede de depilação a laser lucrou R$ 10,9 milhões entre janeiro e março deste ano, depois de dois trimestres consecutivos de prejuízo (R$ 16,9 milhões no terceiro e R$ 12,9 milhões no quarto de 2022). Pressionada por uma dívida líquida de R$ 631,8 milhões (+6% em três meses), a companhia foi beneficiada por um aumento de capital de R$ 225 milhões, concluído no final de 2022.
As ações começam a responder tanto à melhora da estrutura de capital como às medidas de reestruturação: a alta acumulada neste ano é de 11% até a segunda-feira (15).
Para alcançar o resultado positivo, o CEO da Espaçolaser, Paulo Camargo, teve que aplicar o que pode ser descrito como um choque de gestão, fechando 15 lojas próprias em três meses. Eram 588 unidades no final de 2022. Em março, o número caiu para 573. O foco agora é buscar expansão por meio de franquias, passando de 181 unidades para 191, ou seja, a abertura de 10 novas no trimestre.
“O turnaround chegou”, resumiu o executivo em entrevista à Bloomberg Línea.
Camargo assumiu o comando da Espaçolaser em junho do ano passado, após passagem pela rede de fast food norte-americana McDonald’s no Brasil, por meio da Arcos Dorados.
Em abril, Camargo assumiu uma cadeira no board da IMC, masterfranqueada da Pizza Hut e do KFC e dona do Viena e do Frango Assado. O executivo disse que ele integra o comitê de estratégia e que as reuniões do conselho do IMC são trimestrais, sem comprometer seu trabalho à frente da Espaçolaser.
Em entrevista à Bloomberg Línea em março, o CEO havia afirmado que seus objetivo eram preservar o caixa da Espaçolaser, melhorar as margens operacionais e reduzir o nível de alavancagem. No primeiro trimestre, o Ebitda ajustado cresceu 21,3% na visão anual, totalizando R$ 64,4 milhões, com margem de 24,1%, (alta de 1,2 ponto percentual em 12 meses).
“As lojas que fechamos não eram boas. Buscamos melhorar a eficiência das unidades, com um modelo de precificação que considere o público de cada localidade. Segmentação é a palavra de ordem”, afirmou o executivo.
A operação internacional da companhia adicionou sete novas unidades no trimestre, totalizando 53 lojas, das quais 19 na Argentina, onde inaugurou duas clínicas próprias neste ano e opera em modelo de joint venture. São 16 unidades próprias no pais vizinho.
As vendas cresceram 58,4% em 12 meses, somando R$ 10,9 milhões. A Espaçolaser atua ainda na Colômbia (9 unidades próprias) e no Chile (24 lojas, sendo 20 próprias).
“Queremos acelerar a abertura de franquias nos próximos trimestres”, afirmou Camargo.
Novas máquinas
A companhia investiu na aquisição de máquinas de depilação a laser para outros tons de pele. A compra de equipamentos contribuiu para que o nível de alavancagem (dívida líquida/Ebitda) subisse de 3,1 para 3,2 vezes em três meses. Os covenants (claúsulas que limitam o endividamento) exigem mais aperto a partir de agora (3,5 vezes para o segundo trimestre, 3,0 vezes para o terceiro e 2,5 vezes para o quarto).
Camargo disse esperar que as vendas sigam em trajetória crescente com cada vez mais clientes experimentando os serviços da Espaçolaser, o que permitiria uma contínua melhora operacional. No primeiro trimestre, a receita líquida atingiu R$ 267,4 milhões, alta de 15,4% em 12 meses.
“Tivemos dois trimestres consecutivos de vendas recordes”, disse o CEO.
As vendas brutas no critério de mesmas lojas (com pelo menos um ano de operação) saltaram 18,8% na comparação anual. A participação masculina na base de clientes subiu de 10% para 14% em 12 meses. “A depilação deixou de ser um tabu para os homens, principalmente para os mais jovens”, disse Camargo.
A Espaçolaser vai continuar com promoções agressivas nas redes sociais, investindo em agilidade no agendamento dos serviços por meio de seu app, segundo o executivo. Para atrair clientes do sexo masculino, a companhia direciona anúncios virtuais sobre serviços de depilação de barba, por exemplo.
“As atividades promocionais são importantes para encher o funil, captar novos clientes e aumentar a recorrência”, disse o CEO.
Houve no trimestre elevação de 36,5% no número de clientes nas unidades, medido pelo indicador de same stores tickets.
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