Bloomberg — A gigante do ouro Newmont (NEM) fechou um acordo de 28,8 bilhões dólares australianos (US$ 19,2 bilhões) para comprar a rival australiana Newcrest Mining, consolidando sua posição como a maior produtora de ouro do mundo, com minas nas Américas, África, Austrália e Papua Nova Guiné.
A transação, agora aprovada por unanimidade pelo conselho da Newcrest, mas pendente de aprovação regulatória, é o maior negócio do setor de mineração de ouro na história, superando a compra da rival Goldcorp Inc. pela Newmont em 2019.
A Newcrest, cujo então diretor-executivo deixou o cargo abruptamente no final do ano passado, havia rejeitado as propostas iniciais, embora tenha indicado no início deste mês que planejava recomendar uma oferta de aquisição melhorada de seu pretendente.
A aquisição aumenta a exposição da Newmont ao ouro em um momento em que o metal testa uma cotação recorde. O acordo também aumentará de forma crucial seus recursos de cobre - um metal cuja demanda deve superar a oferta à medida que a transição para longe dos combustíveis fósseis ganha ritmo.
As ações da Newcrest subiram até 1,9% em Sydney na segunda-feira (15), depois que a empresa confirmou os detalhes do acordo em um comunicado. A Bloomberg News informou no domingo que a Newmont estava se aproximando de um acordo sobre sua oferta.
O ouro está sendo negociado perto de um recorde histórico: tem sido negociado acima de US$ 2.000 durante a maior parte deste mês.
As mineradoras de ouro de todo o mundo estão enfrentando a perspectiva de estagnação da produção: têm diante de si depósitos mais difíceis de minerar e um aumento do custo de insumos. Isso é visto como um catalisador para mais fusões e aquisições, já que as empresas buscam aumentar seu tamanho para aumentar os volumes e melhorar a eficiência.
A atenção agora se voltará para a capacidade da Newmont de integrar sua meta cara e pesada, extrair ganhos de eficiência e se desfazer de ativos não essenciais para gerar as prometidas sinergias anuais de US$ 500 milhões. A mineradora sediada em Denver terá como objetivo aumentar os fluxos de caixa em US$ 2 bilhões nos dois anos após o fechamento do negócio por meio da otimização do portfólio.
É provável que as minas Telfer e Havieron da Newcrest, na Austrália Ocidental, estejam entre os ativos a serem destinados à venda, porque a primeira é muito madura e a segunda é muito pequena para a Newmont ampliada, de acordo com Daniel Morgan, analista do banco de investimentos Barrenjoey, com sede em Sydney.
“Há uma longa lista de empresas de ouro que analisariam todos os ativos disponíveis”, disse Morgan. A Greatland Gold, sediada em Londres, que já é parceira da Havieron, era um comprador lógico, disse ele.
Segundo o acordo, os acionistas da Newcrest receberão 0,4 ação da Newmont para cada ação que possuírem, o que lhes dará 31% de participação no grupo combinado. Também receberão um dividendo especial isento de impostos antes do fechamento, no valor de até US$ 1,10 por ação.
A transação dá à Newcrest um preço implícito de A$ 29,27 por ação, um prêmio de mais de 30% em relação ao preço de fechamento da empresa de A$ 22,45 em 3 de fevereiro. A Newmont fez uma proposta inicial em 5 de fevereiro.
- Com a colaboração de Jason Scott, James Fernyhough, Rob Verdonck e David Stringer.
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