Investidor estrangeiro tem apetite por bons ativos do país, diz CEO da Cimed

João Adibe Marques, que esteve em Nova York em reuniões com bancos de Wall Street e investidores, diz que empresa está com a ‘cabeça aberta’ para IPO ou M&A

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Bloomberg Línea — Dezenas de executivos C-Level de muitas das maiores empresas do país se reuniram nesta semana que passou em Nova York para uma série de encontros com investidores globais. Para João Adibe Marques, CEO da Cimed, uma das maiores farmacêuticas do país, as conversas com fundos serviram para mostrar que há apetite, sim, de estrangeiros por ativos do país que sejam bem avaliados.

“Na minha visão, o empresário brasileiro tem que apresentar a empresa colocando o Brasil para frente. O que eu senti é que em geral ele critica muito o país para depois apresentar a empresa. Fizemos o contrário. Olhamos o Brasil com otimismo e depois falamos do nosso negócio”, disse o CEO da Cimed à Bloomberg Línea. “Não vamos falar de ‘ruídos’ do Brasil para depois entrar em negócios’.”

Na avaliação do executivo, que esteve presente em uma rodada de conversas com investidores em Nova York pela primeira vez, o estrangeiro está com apetite pelo Brasil e entende o país. “Essa é a minha visão para o meu negócio. Senti um apetite forte para investir”, afirmou.

Adibe disse que a Cimed está com a “cabeça aberta” tanto para uma potencial oferta inicial de ações (IPO) como um M&A (operação de fusão e aquisição), a depender do que estiver na mesa. “Foi uma preparação para um roadshow para apresentar a investidores o nosso modelo de negócios.”

Atualmente, há apenas duas empresas do setor no país listadas na B3 (B3SA3), a Hypera (HYPE3) e a Blau Farmacêutica (BLAU3), enquanto no exterior as principais estão na bolsa.

A Cimed é uma empresa familiar que tem Adibe Marques e sua irmã, Karla Marques Felmanas, vice-presidente, como principais acionistas e que conta com um conselho executivo.

Adibe participou de dois dias de conversas com investidores na cidade americana. No primeiro, se encontrou com executivos dos principais bancos de Wall Street, como JPMorgan (JPM), Bank of America (BAC) e Morgan Stanley (MS); no segundo dia, no âmbito da LatAm CEO Conference organizada pelo Itaú BBA, fez 13 apresentações para representantes do mercado financeiro.

“Embora a Cimed seja uma farmacêutica, temos um modelo único de verticalização que vai da indústria de embalagens até a ponta e quisemos explicar isso aos investidores. É um modelo de acessibilidade com rentabilidade no ponto de venda”, disse Adibe. “E mostramos os números de crescimento dos últimos três anos e as expectativas para o mercado.”

Em 2022, a Cimed teve uma receita de R$ 1,9 bilhão, com crescimento anual de 22,5%. A empresa ganhou market share em 70% de seu portfólio e elevou o tíquete médio dos produtos em 25%. O lucro líquido ajustado subiu 4,9%, representando 13,8% do faturamento. Já a geração de caixa medida pelo Ebitda ajustado atingiu R$ 479 milhões, com margem de 24,7%.

O executivo disse que o estrangeiro considera juros e dólar no país em patamares elevados, mas já começa a precificar a mudança do cenário com taxas mais baixas, bem como a moeda, até o fim do ano.

Neste domingo (14), a Cimed, que é a terceira maior farmacêutica do país em volume de vendas, faz uma campanha em TV aberta para promover o medicamento genérico, em conjunto com a Abrafarma (Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias). O investimento da campanha, que será lançada no programa ‘Domingão do Huck’, com Luciano Huck, na Globo, é de R$ 20 milhões.

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