Blooomberg — O ex-chefe de engenharia da ByteDance nos Estados Unidos disse em um processo que foi demitido por expressar preocupações à administração da empresa, que é dona do TikTok, sobre o roubo de conteúdo protegido por direitos autorais de outras plataformas, incluindo Instagram e Snapchat.
Ele também alega que a empresa abriu contas falsas de usuários para impulsionar suas métricas e que ela ajuda o Partido Comunista da China a espalhar propaganda para um público maior.
Os representantes da ByteDance não responderam imediatamente a um pedido de comentário sobre o processo.
Yintao “Roger” Yu disse que soube logo depois de ingressar na empresa em 2017 que a ByteDance havia empreendido por anos um “esquema mundial (incluindo na Califórnia) para roubar e lucrar com os trabalhos protegidos por direitos autorais de outros”, de acordo com sua queixa apresentada na sexta-feira (12) em um tribunal estadual em São Francisco.
Ele também descobriu que a empresa criou usuários falsos para “curtir” e “seguir” contas de usuários reais para aumentar as métricas de engajamento utilizadas por potenciais investidores, de acordo com a denúncia.
Yu alega que a empresa foi impulsionada por uma “cultura de ilegalidade” que se concentrava no crescimento a todo custo.
“Ele ficou surpreso com a conduta descaradamente ilegal dentro da empresa, que era desculpada eufemisticamente como ‘empreendedorismo’”, segundo a denúncia.
Quando Yu relatou suas preocupações aos superiores, eles foram desdenhosos ou pediram que ele escondesse a atividade ilegal, e ele acabou sendo demitido no final de 2018 após uma licença médica, de acordo com o processo, que identifica um supervisor que estava “em posição de retaliar” contra ele como Kelly Zhang, que agora é a diretora executiva da ByteDance China.
O TikTok está sob intenso escrutínio do Congresso dos EUA e uma revisão federal de segurança nacional sobre preocupações com a possível influência do governo chinês porque a ByteDance está sediada na China. Uma série de projetos leis foram apresentados para limitar ou proibir o aplicativo nos EUA.
Ainda neste mês, em uma carta ao Congresso, a empresa disse que “nunca compartilhou” nenhum dado de usuário dos EUA com o governo chinês e não o faria se solicitado a fazê-lo.
O TikTok diz que está no processo de isolar suas operações sensíveis nos EUA em uma entidade separada com dados relevantes mantidos nos servidores domésticos da Oracle.
De acordo com a denúncia do ex-funcionário, a ByteDance dependia de um software para puxar os vídeos dos sites dos concorrentes para tornar seu serviço mais popular entre os usuários.
“Essas ações foram tomadas sem a permissão dos criadores de conteúdo e representaram um esforço ilegal para obter uma vantagem contra sites de hospedagem de vídeo online”, de acordo com a denúncia.
Como informado no início do texto, os representantes da ByteDance não responderam a um pedido de comentário sobre o processo.
Preocupado com o desvio de “linhas legais e éticas” da ByteDance e a possível responsabilidade pelo roubo, Yu diz que repetidamente levantou objeções, inclusive a um vice-presidente sênior de engenharia que se reportava diretamente ao CEO da ByteDance, Yiming Zhang. Mas o vice-presidente sênior rejeitou suas preocupações e a infração continuou, de acordo com a denúncia.
Yu está buscando uma ordem judicial instruindo a ByteDance a parar de coletar conteúdo de terceiros.
O processo também detalha a objeção de Yu ao tratamento da empresa a um funcionário não identificado que sofre de depressão. Ele diz que apresentou uma queixa ao chefe de recursos humanos da ByteDance sobre um plano ilegal para demitir o funcionário.
Yu, morador da Califórnia, foi contratado com opções de ações e pagamento garantido de US$ 600.000 pela propriedade intelectual de sua própria empresa, a Tank Exchange, com a condição de permanecer na ByteDance por dois anos, segundo a denúncia.
A ByteDance afirma que notificou Yu de que sua rescisão foi devido a uma redução no quadro de funcionários, mas ele argumenta que nunca recebeu nenhum aviso, de acordo com o processo.
Em novembro de 2018, ele foi rescindido sem o prêmio de opção de compra de ações que ele diz ter adquirido. Em 2019, ele entrou com uma queixa de discriminação no Departamento de Emprego Justo e Habitação da Califórnia, de acordo com o processo.
-- Com colaboração de Alex Barinka.
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