Bloomberg — A indústria do cobre se reúne em Hong Kong nesta próxima semana para discutir um mercado que deveria estar repleto de oportunidades depois que a China, maior consumidora do metal, pôs fim às duras restrições contra a covid-19.
As promessas do governo de impulsionar o crescimento econômico e grandes projetos de energia limpa alimentaram o otimismo de que a reabertura da China ajudaria a compensar a queda da atividade em outras partes do mundo.
Mas a realidade é outra, com o mercado ainda à espera de uma retomada do consumo, que até agora não decolou nos meses desde que Pequim suspendeu a política de Covid Zero.
“Muitos no setor estão decepcionadas com a demanda chinesa até agora este ano”, disse Shen Haihua, gestor da Entropy Asset Management. “Acho que a maioria dos especialistas está vendido.”
O seminário da London Metal Exchange é seu primeiro encontro presencial na Ásia desde o início da pandemia, reunindo mais de mil executivos, operadores e analistas.
Menos de dois meses atrás, poucos apostavam contra as perspectivas do cobre depois que a maior trading mundial do metal, a Trafigura, disse que esperava preços recordes.
Mas uma série de dados indica que a recuperação da China está perdendo força. Uma pesquisa com gerentes de compras mostrou que o setor industrial se contraiu em abril pela primeira vez este ano, enquanto as importações de cobre caíram para o nível mais baixo desde outubro.
O metal está em queda de cerca de 8% na LME até agora no trimestre.
A indústria chinesa sofreu menos do que outras partes da economia durante a desaceleração da era Covid, o que pode explicar um crescimento pós-pandemia modesto, de acordo com a Capital Economics. Ao mesmo tempo, as exportações chinesas sofrem com demanda mais fraca de nações à beira de uma recessão.
Os preços do cobre são considerados um barômetro da economia global por causa de seu uso generalizado, desde fiação a peças de automóveis e equipamentos eletrônicos.
Com isso, as tendências do mercado estiveram intimamente ligadas ao rápido crescimento da China nas últimas décadas e à demanda global.
A recente queda do cobre indica que a economia global está com problemas reais, disse o estrategista Albert Edwards, do Société Générale, no Twitter.
-- Com a colaboração de Winnie Zhu.
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