Bloomberg — O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que os altos níveis de dívida pública são os culpados pelas taxas de juros elevadas no país ao maior patamar em seis anos, contrariando as críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à política monetária e os apelos por um corte da Selic.
Se a dívida do governo fosse baixa, “o custo do dinheiro seria mais barato para todos”, disse Roberto Campos Neto em entrevista à emissora CNN Brasil.
Campos Neto disse que não é culpa do Banco Central quando o governo emite um título e paga rendimentos de 6% acima da inflação, como o Brasil fez recentemente.
“Existe um risco que justifica que a taxa de juros real seja de 6%”, acrescentou.
O presidente Lula atacou o banco central e seu chefe desde janeiro, dizendo que as taxas atuais são “absurdas”, aumentam o desemprego e não precisam estar no valor de referência de 13,75% quando não há pressões de demanda. Ele também disse que Campos Neto não tem “nenhum compromisso” com o Brasil.
O presidente do Banco Central rebateu que a inflação no Brasil é parcialmente impulsionada pela demanda.
“Temos uma compreensão clara dos componentes de demanda da inflação e podemos quantificar qual é a demanda e de onde vem essa demanda”, disse ele.
A taxa de inflação anual do país caiu da alta do ano passado de mais de 12% para perto das metas de 3,25% para 2023 e 3% para 2024 – com uma faixa de tolerância de mais ou menos 1,5 pontos percentuais. A inflação recuou dentro da faixa de tolerância do banco central, mas em 4,18% ainda está acima da meta.
“Não acho bom criticar a instituição e os argumentos poderiam ser mais elaborados tecnicamente”, disse Campos Neto sobre as críticas de Lula. Ainda assim, o banco central “não tem problemas” em debater publicamente as taxas, acrescentou.
Campos Neto apontou os programas de microcrédito e outros avanços, incluindo pagamentos digitais como o Pix, como prova de seu compromisso com o crescimento e a estabilidade econômica do país.
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