Bloomberg — Ainda que tenha no momento um governo de esquerda, o Brasil não pretende seguir o viés estatizante de outros países latino-americanos em relação à exploração de suas reservas de lítio.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pretende adotar um modelo amigável aos investidores, semelhante ao da Austrália e em contraste com a abordagem público-privada recentemente anunciada pelo Chile ou a quase nacionalização decretada pelo México, disse Vitor Saback, secretário de Geologia, Mineração e Transformação Mineral do Ministério de Minas e Energia.
“Vemos movimentos de países como Chile e México, que estão desenvolvendo [a exploração do lítio] e resolveram se fechar um pouco internamente”, afirmou Saback, em entrevista na sede da Bloomberg, em Nova York. “A gente está muito alinhado à política da Austrália.”
Em visita a Nova York, Saback liderou uma delegação brasileira em reuniões com potenciais investidores no chamado Vale do Lítio, em Minas Gerais, que abriga as maiores reservas do mineral no País.
O Brasil quer aproveitar a crescente demanda global pelo metal, essencial para a fabricação das baterias utilizadas em veículos elétricos.
O secretário destaca o histórico de segurança jurídica do país e a mensagem bem recebida de Lula sobre a proteção ao meio ambiente.
Contudo, a exemplo de seus vizinhos, o Brasil também analisa maneiras de agregar valor ao lítio.
O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços estuda medidas para incentivar o desenvolvimento de uma indústria baseada no minério.
“Temos interesse em desenvolver toda a cadeia do lítio no país, da exploração mineral até baterias”, disse Saback.
Ainda assim, o foco principal, por enquanto, é atrair investidores para produzir e exportar concentrado de lítio das jazidas de rochas duras do Brasil.
O Brasil é o segundo maior exportador mundial de minério de ferro e um produtor de cobre e níquel, também utilizados na fabricação de baterias.
A transição energética oferece uma oportunidade de dobrar a participação da mineração na economia, de acordo com Saback.
Para isso, o país precisa erradicar o garimpo ilegal, que hoje ocupa uma área maior do que a mineração industrial, segundo a ONG MapBiomas. O governo de Lula prometeu reprimir a corrida ilegal do ouro no Brasil, removendo garimpeiros das terras indígenas.
“Não há tolerância com a ilegalidade”, disse ele. “É um assunto do Ministério da Justiça e da polícia.”
-- Com a colaboração de Vanessa Dezem.
Veja mais em Bloomberg.com
Leia também
Novo gigante do lítio quer ser uma alternativa à China, diz CEO
Este CEO prodígio lidera um negócio de US$ 7,5 bi em receita em Wall Street
Donos de títulos da Light prometem briga na Justiça após pedido de recuperação