Bloomberg Línea — O CEO da Petrobras (PETR3, PETR4), Jean Paul Prates, defendeu nesta sexta-feira (12) a adoção de critérios para a nova política de preços de combustíveis da companhia. Em sua visão, todos devem convergir para garantir participação de mercado para a estatal. Segundo ele, novidades devem ser anunciadas na semana que vem.
“O que se convencionou [no mercado] é a paridade de importação. A paridade internacional não existe. Nós vamos continuar seguindo a referência internacional e a competitividade interna em cada mercado que nós participamos, não vamos perder venda, não vamos deixar de ter um preço mais atrativo para os nossos clientes”, disse Prates em entrevista coletiva de imprensa.
O executivo evitou posições extremas e disse que a companhia não precisa voltar aos tempos de nenhum reajuste ao longo do ano, como ocorria em meados de 2007, nem à “maratona” de 118 reajustes de um só combustível em 12 meses, como aconteceu em 2017. “Isso levou a uma crise enorme, culminando na greve dos caminhoneiros”, afirmou.
Prates, que foi consultor em energia, disse que o governo Lula terá uma política nacional de combustíveis em conjunto com outros elementos: eventualmente uma conta de estabilização, um controle ou a regulação de estoques estratégicos, bem como questões relacionadas à fiscalização e o controle da própria cadeia produtiva a partir da refinaria. O objetivo é que eventuais reduções de preços cheguem ao consumidor final.
“Sempre que pudermos aguardar mais para responder a uma instabilidade ocasional, vamos organizar a nossa vida para dar essa estabilidade ao nosso cliente”, disse.
Prates disse que, em sua visão, anteriormente havia uma “abdicação absoluta” das vantagens de se ter refinarias localmente, próximas ao consumidor da estatal, bem como uma estrutura de escoamento de transporte e fonte de petróleo com capacidade de refino nacional.
“Tudo isso faz parte de um modelo de preço empresarial, que a Petrobras vai conversar melhor na semana que vem. Existe chance de haver reajuste? Sim, vamos fazer uma avaliação na semana que vem de alguns combustíveis, mas não vamos dar spoiler hoje”, salientou.
Programa de recompra
O diretor financeiro e de relações com investidores da estatal, Sergio Caetano Leite, disse que a Petrobras é uma empresa global, que opera no mundo inteiro, e que o atual nível de dividendos “é natural” se comparado às maiores empresas do setor, as chamadas majors.
Nesse contexto, ele afirmou que a possibilidade de abertura de um programa de recompra de ações deriva de um pedido do conselho de administração.
“Alguns aspectos [do programa], como preço, volumes e qual a sua finalidade específica vão sair desse estudo, como nível e forma de pagamento. A recompra ocorre nas outras empresas como forma de distribuição de valor aos acionistas e reflete a visão da Petrobras de que a companhia tem mais valor do que o mercado demonstra”, destacou o executivo.
Em sua avaliação, há uma oportunidade de recomprar os papéis com maior distribuição de valor sem necessariamente pagar dividendos. “As condições vão perseguir o caminho de governança da companhia, caso aprovado [o programa] será divulgado até o final de julho, conforme pedido do conselho de administração”, observou.
Sobre a venda da participação na Braskem (BRKM5), o executivo disse apenas que a Petrobras sabe de uma proposta não vinculante feita à Novonor (ex-Odebrecht).
“A proposta não é firme, passará a ser firme se algumas condições prévias forem concluídas. A Petrobras não recebeu proposta oficial para se manifestar sobre compra ou venda de participação na Braskem. Temos assessores financeiros contratados de longa data para acompanhar esse processo desde 2017″, disse.
Segundo fontes de mercado disseram à Bloomberg News, a Abu Dhabi National Oil e a Apollo Global Management fizeram uma proposta de US$ 7,6 bilhões pela Braskem.
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