São Paulo — A Guararapes (GUAR3) fechou sua flagship (loja conceito) da Riachuelo na rua Oscar Freire, nos Jardins, região nobre da cidade de São Paulo. O imóvel de 1.200 m², que era alugado desde novembro de 2013, já foi desocupado, restando apenas o nome da Carter’s, marca norte-americana de produtos para bebês e crianças, em uma das vitrines da sua revendedora no Brasil.
A loja ocupava um dos pontos mais destacados do corredor de grifes, na esquina com a rua Haddock Lobo, próxima do Hotel Fasano e do Shops Jardins, shopping da marca com a JHSF (JHSF3).
O fechamento da loja conceito de uma das maiores redes varejistas de moda do país é o mais novo capítulo da crise do varejo brasileiro, em momento de juros altos que pressionam as despesas financeiras e impactam negativamente o consumo dos brasileiros, elevando a inadimplência.
O balanço do primeiro trimestre do grupo fundado pela família Rocha apontou um desempenho mais fraco de vendas, a exemplo de seus pares de setor, avaliou relatório do Itaú BBA.
A companhia tinha encerrado o mês de março com 333 lojas da Riachuelo em todas as regiões do país, número igual ao do fim do ano passado, segundo o balanço mais recente. Uma unidade em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, também encerrou as atividades. A Guararapes tem ainda 12 lojas da Casa Riachuelo, três FANLAB e 49 da Carter’s, totalizando uma base de lojas de 397 unidades.
Margem pressionada
O prejuízo da Guararapes mais que dobrou (120%) em 12 meses, somando R$ 176 milhões no primeiro trimestre. A companhia fechou o período com margem bruta de 46,3%, abaixo dos 48,6% do mesmo período do ano passado.
“A margem bruta foi pressionada (queda de 230 pontos-base ano contra ano) por maior atividade promocional, parcialmente compensada por ganhos de eficiência e uma base de comparação fácil para a margem Ebitda (alta de 260 pontos-base ano contra ano)”, escreveu a analista Maria Clara Infantozzi, do Itaú BBA.
A Midway, braço financeiro do grupo, apresentou provisões consideradas elevadas, que provocaram uma redução de 22% na geração de caixa medida pelo Ebtida em 12 meses.
Em janeiro, o grupo têxtil encerrou a operação em Fortaleza, no Ceará, e dispensou cerca de 2.000 funcionários, apontando que centralizaria a produção em Natal, no Rio Grande do Norte.
A Guararapes não respondeu imediatamente ao pedido de comentários feito pela Bloomberg Línea.
Leia também
Esta gestora comprou 15% da Light às vésperas do pedido de recuperação