George Santos, brasileiro eleito nos EUA, é acusado de fraude e lavagem de dinheiro

Promotores alegam que congressista solicitou fundos de doadores para sua campanha e os usou para despesas pessoais, incluindo roupas de grife

Congressista republicano é acusado de fraude e lavagem de dinheiro
Por Gregory Korte - Patricia Hurtado - Chris Dolmetsch
10 de Maio, 2023 | 12:42 PM

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Bloomberg — O congressista republicano de Nova York George Santos foi acusado pelos promotores dos Estados Unidos de fraude e lavagem de dinheiro. As acusações, que incluem também roubo de verbas públicas e declarações falsas, seguem uma investigação de cinco meses iniciada logo após a eleição de Santos em novembro.

As descobertas esclarecem alguns dos mistérios que cercam o deputado filho de brasileiros, de 34 anos, que assumiu o cargo com a ajuda de um falso currículo sobre sua carreira em Wall Street.

Santos será indiciado na tarde desta quarta-feira (10) em um tribunal federal em Central Islip, em Nova York.

Em comunicado, Breon Peace, procurador do Distrito Leste de Nova York, disse que Santos “usou contribuições políticas para encher os bolsos, solicitou ilegalmente benefícios de desemprego – que deveriam ter ido para os nova-iorquinos que perderam o emprego devido à pandemia – e mentiu para a Câmara dos Deputados”.

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Os promotores alegam que o congressista solicitou fundos de doadores supostamente para sua campanha e os usou para despesas pessoais, incluindo roupas de grife.

Os EUA alegam que ele participou de dois esquemas criminosos – um para solicitar contribuições políticas fraudulentas de apoiadores e outro para cometer fraude de seguro-desemprego – e enganou a Câmara dos Representantes e o público sobre suas finanças em conexão com cada uma de suas duas campanhas para o Congresso.

Da pobreza à riqueza

A improvável história de pobreza à riqueza de Santos foi noticiada inicialmente pelo North Shore Leader, um jornal semanal local que questionou um “aumento inexplicável” no patrimônio líquido do congressista.

Quando concorreu ao cargo em 2020, Santos divulgou patrimônio zero e receita de US$ 55.000. Dois anos depois, ele afirmou valer até US$ 11,2 milhões, com um salário de US$ 750.000.

Apenas depois que ele foi eleito que o jornal The New York Times desmantelou sua falsa história de vida. Ele não trabalhou no Goldman Sachs (GS) nem no Citigroup (C), como afirmou, segundo o NYT. Ele nunca se formou no Baruch College e nunca jogou em seu time de vôlei. E ele não era judeu, mas sim, como afirmou mais tarde, apenas “meio judeu”.

Mentir para os eleitores não é ilegal, e Santos classificou as falsidades como meros “enfeites” de seu currículo.

Mas declarações supostamente falsas em seus relatórios de financiamento de campanha ajudaram a chamar a atenção do Departamento de Justiça. Santos disse que emprestou US$ 705 mil para sua campanha, sem revelar a fonte final desses recursos.

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Seus gastos também atraíram atenção, com sua campanha alegando gastos de precisamente US$ 199,99 em 37 itens. O limite que exige recibos é de US$ 200.

‘Ponzi Clássico’

Santos disse que sua renda vinha de seu salário como diretor administrativo da Organização Devolder, que ele disse ser uma empresa de introdução de capital com o nome da família de sua mãe.

Antes disso, ele trabalhou para a Harbor City Capital, uma empresa da Flórida fechada pela Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (a SEC) em 2021 como um “esquema clássico de Ponzi”.

Santos é o quinto parlamentar acusado de crimes federais desde 2017, todos republicanos. As acusações chegam em um momento precário para os republicanos, que controlam a Câmara por uma margem de apenas cinco assentos.

Santos é visto como um voto leal ao presidente da Câmara, Kevin McCarthy, que, no entanto, disse na terça-feira (9) que pediria a Santos que renunciasse se fosse condenado.

Santos também pode ser expulso por dois terços dos votos da Câmara, mas na terça-feira uma resolução de expulsão tinha apenas 37 co-patrocinadores, todos democratas.

Se Santos for forçado a sair, sua cadeira será preenchida por uma eleição especial dentro de três meses, em data a ser definida pela governadora de Nova York, Kathy Hochul. Seu distrito, que inclui parte do Queens na cidade de Nova York e a maior parte do condado de Nassau, é democrata.

-- Com a colaboração de Bob Van Voris.

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