Bloomberg — O Vision Fund do SoftBank pode ter registrado um prejuízo trimestral menor ou atingido o ponto de equilíbrio, informações que o mercado vai descobrir quando o grupo anunciar seus resultados nesta quinta-feira (11), em um começo de ano de recuperação global das ações de tecnologia.
Porém, isso não seria suficiente para compensar os três trimestres consecutivos de grandes perdas. O Vision Fund ainda pode anotar uma perda anual ainda maior do que o prejuízo recorde de 2,6 trilhões de ienes (US$ 19,24 bilhões) do ano anterior, com o analista Kirk Boodry, da Astris Advisory, prevendo um prejuízo total de aproximadamente 4 trilhões de ienes (US$30 bilhões) no ano encerrado em março.
As avaliações (valuations) dos ativos do Vision Fund são difíceis de estimar devido à alta proporção de empresas não listadas no portfólio, tornando os relatórios financeiros do SoftBank o melhor barômetro. Os investidores agora questionam se a sangria acabou.
O apetite pelo risco continua fraco para startups não lucrativas, prejudicando a capacidade do SoftBank de registrar ganhos de investimento. O fundador Masayoshi Son não deve participar da teleconferência de resultados de quinta-feira, deixando o diretor-financeiro Yoshimitsu Goto encarregado de falar sobre uma oferta pública inicial planejada da unidade de design de chips Arm Ltd. e amenizar quaisquer temores sobre suas finanças.
Estes são os principais pontos a serem observados:
O pior já passou para as startups de tecnologia?
No último ano, o SoftBank reduziu os investimentos em startups de alto perfil e não listadas, desde a indiana Oyo Hotels até o sueco Klarna Bank AB. Mas alguns investidores continuam a se perguntar se eles fizeram o bastante.
O SoftBank divulga baixas contábeis ou ganhos em seus investimentos em empresas listadas, que incluem a Didi Global Inc. e a Grab Holdings Inc. Mas a visibilidade é limitada em relação às participações privadas da SoftBank, que chegam a centenas. Muitas das startups em que a empresa investiu continuam no vermelho.
O foco estará em qualquer sinal de melhora no desempenho dos Vision Funds, como suas taxas internas de retorno no final de março. O primeiro Vision Fund estava um pouco acima da linha em termos de retornos acumulados menos seus investimentos desde o início, enquanto o segundo Vision Fund estava no vermelho, com uma perda de cerca de US$ 17 bilhões no final de dezembro.
Qual é a solidez do balanço patrimonial do SoftBank?
A métrica preferida do SoftBank sobre sua saúde financeira é a relação empréstimo/valor (LTV, loan to value em inglês). O número mostra a carga de dívida da empresa em comparação com o valor atual de todas as suas participações.
A empresa altamente endividada é vulnerável a qualquer aumento nas taxas de juros, e o Softbank se comprometeu a manter seu LTV abaixo de 25% e a manter caixa suficiente para cobrir pelo menos dois anos de resgates de títulos. O valor ficou em 18,2% no trimestre encerrado em dezembro.
Os analistas costumam usar o valor do ativo líquido por ação. Calculado subtraindo a dívida líquida do valor das participações de uma empresa e dividindo esse valor pelo número de ações em circulação, o valor era de 9.472 ienes por ação no final de dezembro. O SoftBank está sendo negociada a pouco mais da metade desse valor. O Morgan Stanley MUFG considera adequado um desconto de 40% a 50% para a holding.
Qual será o tamanho do IPO da Arm?
Os ganhos da unidade de designe de chips Arm ajudarão a determinar o sucesso de seu tão esperado IPO no final deste ano - e, por extensão, a capacidade do SoftBank de partir para uma ofensiva novamente.
Os banqueiros propuseram uma avaliação entre US$ 30 bilhões e US$ 70 bilhões para a listagem, informou a Bloomberg anteriormente, uma ampla faixa que reflete os desafios de avaliar a empresa em um cenário de preços voláteis de ações de semicondutores.
A Arm registrou um crescimento de receita de quase 30% frente ao ano anterior no trimestre de dezembro e é provável que registre outro ganho. Mas a perspectiva de alguns chips permanece incerta, com os executivos alertando sobre a queda contínua nos mercados gerais de smartphones e PCs.
Quanto resta da participação do SoftBank no Alibaba?
A participação do SoftBank no Alibaba ajudou a financiar as transformações anteriores da empresa, de uma editora de software a uma empresa de telecomunicações e ao maior investidor em tecnologia do mundo. Esse recurso pode estar acabando, ressaltando a crescente dependência do SoftBank da Arm para alimentar apostas futuras.
No papel, o SoftBank ainda detinha cerca de 14% do líder chinês de comércio eletrônico Alibaba Group Holding Ltd. no final de dezembro. Mas, na verdade, estima-se que essa participação seja muito menor.
O SoftBank descarregou US$ 7,3 bilhões adicionais em ações do Alibaba este ano por meio de contratos a termo pré-pagos, de acordo com uma análise da Bloomberg de registros regulatórios. Boodry, da Astris Advisory, estima que isso teria reduzido a participação livre do SoftBank no Alibaba para cerca de 3,8% até o final de março.
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