Por que resultados acima do esperado em Wall St não levaram à alta das ações

Segundo estrategistas do Goldman Sachs e do Bank of America, perspectivas apontam para um crescimento mais lento no segundo semestre

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Bloomberg — A perspectiva de crescimento dos lucros globais neste ano é fraca, apesar de resultados do primeiro trimestre melhores do que o esperado nos Estados Unidos e na Europa, apontaram estrategistas do Goldman Sachs (GS) e do Bank of America (BAC).

A inflação persistente e a recente turbulência no setor financeiro provavelmente levarão a um crescimento econômico mais lento na segunda metade do ano, escreveram estrategistas do Goldman Sachs, incluindo Peter Oppenheimer e Sharon Bell, em relatório de 4 de maio.

Eles estão prevendo um crescimento de lucro “quase estável” na maioria das regiões do mundo neste ano e “muito pouco crescimento de lucro por ação na Europa e nos EUA até o final de 2024″.

O banco espera um crescimento de 5% nos lucros para os EUA e na Europa em 2024, 6% para o Japão e 17% para a Ásia, na comparação com uma base baixa em 2021. Oppenheimer esteve pessimista durante a maior parte do ano passado e antecipou corretamente a queda das ações no segundo semestre.

A fraca perspectiva, combinada com valuations considerados elevados das ações, “não oferece muito retorno para o risco em face de 5% de retorno de caixa em dólares americanos sem risco”, disseram os estrategistas do Goldman.

Os EUA e a Europa tiveram uma temporada de resultados considerada forte no primeiro trimestre, depois que os analistas cortaram as estimativas antes do período de divulgações. Quase 85% das empresas do S&P 500 relataram lucros até agora e 79% dessas empresas superaram as estimativas, de acordo com dados compilados pela Bloomberg Intelligence.

“Apesar de uma proporção saudável de resultados acima das expectativas na temporada de balanços do primeiro trimestre, as projeções de lucro por ação continuam a indicar uma perspectiva silenciosa”, apontaram estrategistas do BofA, incluindo Michael Hartnett, em nota de 4 de maio. “Os principais indicadores antecipam uma leve contração em 2023.”

O estrategista-chefe para ações do BofA disse que essas estimativas não refletem um cenário de recessão, ainda que o mercado tenha precificado a maior parte das más notícias.

Hartnett estava corretamente pessimista no ano passado, alertando que os temores de recessão alimentariam um êxodo de investidores das ações, mas sua aposta de que o S&P 500 cairia para 3.800 pontos até 8 de março não se concretizou. O índice estava pouco abaixo do patamar dos 4.000 pontos nessa data e fechou nesta quinta-feira aos 4.061 pontos.

Enquanto isso, os estrategistas do JPMorgan Chase (JPM) liderados por Mislav Matejka disseram que, embora as empresas estejam superando as expectativas, a reação dos preços foi moderada, já que as ações se recuperaram antes da temporada de resultados.

“As ações que estão superando as estimativas estão com um desempenho inferior ao normal, enquanto as que estão perdendo estão sendo penalizadas mais do que sua média histórica”, disseram eles em nota.

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