‘Too big to fail’? Para este CEO de banco, esse conceito deve ser revisto

Bill Winters, CEO do Standard Chartered, afirmou que tal conceito, consagrado na crise financeira de 2008, precisa de revisão após o colapso do SVB

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Bloomberg — A noção de que alguns bancos são grandes demais para quebrar, conhecida como Too Big to Fail, terá que ser revista, defendeu Bill Winters, CEO do britânico Standard Chartered.

Essa definição, que ganhou força na crise financeira global de 2008, prevê a intervenção do governo sempre que o potencial colapso de um grande banco coloque em risco o sistema bancário.

Em uma entrevista durante o Dubai Fintech Summit nesta segunda-feira (8), o executivo lembrou que a recente turbulência no setor bancário dos Estados Unidos desafiou esse conceito com o colapso do Silicon Valley Bank (SVB).

“Essa questão de ‘grande demais para falir’ vem à tona repetidamente, mas, como acabamos de ver, um banco de US$ 250 bilhões chamado SVB foi considerado grande demais para falir de uma forma convencional. Todo esse conceito de resolução do que é um banco grande demais para falir terá de ser revisto”, disse.

Questionado sobre se Jamie Dimon, CEO do JPMorgan (JPM), o maior banco dos EUA, estaria ficando “grande demais” após a aquisição do First Republic Bank em um acordo liderado pelo governo, Winters disse: “É claro que não. A participação do JPMorgan em depósitos é de cerca de 12% no momento. Em muitos países do mundo, os principais bancos têm muito mais do que isso.”

Winters disse avaliar que o mercado norte-americano ainda é bastante competitivo mesmo com o JPMorgan controlando com essa fatia adicional de depósitos.

Segundo ele, 12% é uma fatia administrável, mas os órgãos reguladores devem ter mais atenção em relação à concentração da participação em mercados como a região das cidades de Nova York, Chicago e Los Angeles.

Sobre a resposta dos órgãos reguladores à recente crise bancária, o executivo avaliou que a abertura a financiamento para todos os bancos naquele momento foi “perfeita”, mas que os reguladores deveriam ter fornecido liquidez aos bancos em apuros antes de que estes chegassem ao colapso.

Essa teria sido, segundo ele, a “resposta ideal” para a turbulência. Ainda que isso não evitasse a quebra dos bancos, o colapso teria se dado de uma forma “mais ordenada, sem minar a confiança no sistema”.

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