Bloomberg Línea — O Nubank (NU) desafiou os cinco maiores bancos do Brasil quando foi criado em 2013, em uma época em que essas instituições tinham 85% de participação do mercado. Dez anos depois, os cinco maiores bancos possuem 70% do mercado. Mas essa tendência de redução da concentração vai ganhar outros contornos em um ambiente concentrado de “plataformização”, segundo disse o CEO e cofundador do Nubank, David Vélez, em painel no Web Summit Rio realizado nesta semana que passou.
A fintech se posiciona como uma provedora de diversos serviços financeiros como seguros, empréstimos, cartões, contas e tem o objetivo de agregar cada vez mais serviços dentro dessa plataforma.
Para o executivo, isso tem a ver com uma concentração nos caminhos na internet, convergindo para cada vez menos marcas como ponto-chave para comprar algum produto. Segundo ele, a plataformização é uma forma de replicar e expandir a plataforma multiproduto do Nubank de forma escalável para outras geografias, como, por exemplo, México e Colômbia, com as devidas localizações e culturas.
Para Vélez, finanças são bens digitais e não é necessário ter filiais bancárias em cada esquina, dado que, com o uso de plataformas de consumo e inteligência artificial, “cada vez menos marcas serão a porta de entrada para a internet”.
“Isso efetivamente dividirá as empresas em duas etapas: as portas de entrada para a internet e as empresas que são mesas proprietárias. No futuro, você não visitará o site de uma agência de viagens online. Você provavelmente passará por algumas portas de entrada de viagens para obter seu bilhete, para comprar um par de sapatos”, disse o executivo.
Nesse contexto, a tendência é que algumas empresas tenham cada vez mais produtos e dados e o ambiente fique mais concentrado nelas. O Nubank tira vantagem disso usando sua grande base de consumidores - que chegou a 80 milhões de pessoas - para hoje resolver serviços financeiros diversos.
Se em 2013 o Nubank começou em São Paulo com apenas um produto de conta de pagamento atrelado a um cartão roxo pré-pago, a empresa agora imagina seus próximos anos como um ecossistema que permita que os consumidores resolvam diferentes necessidades financeiras e outras.
“Achamos que [o futuro] será mais concentrado. Veremos menos marcas que tenham essa interação com o consumidor e que possuam muitos dados, que permitam aos clientes acesso a muitos produtos, e então haverá outros provedores de serviços financeiros mais nos bastidores, fornecendo investimentos ou outros produtos, como hipotecas.”
IA, a conversa do WebsSummit
O Web Summit, evento de inovação e tecnologia que reuniu mais de 20 mil pessoas no Rio de Janeiro nesta semana, abordou em seus painéis temas de escala e gestão e investimentos. Mas duas palavras predominaram nas discussões de empreendedores e especialistas: Inteligência Artificial.
A atenção para novos estágios da IA generativa, como o ChatGPT, da OpenAI, fizeram com que fundadores, investidores e jornalistas buscassem saber mais sobre o novo assunto do momento.
Dados do unicórnio de recursos humanos Deel mostram que, globalmente, posições relacionadas à Inteligência Artificial, como engenheiro, designer, gerente e analista de IA, cresceram 461% de janeiro a dezembro de 2022 na comparação anual. Já o número de empresas que contratam posições relacionadas com Inteligência Artificial cresceu 300% no mesmo período.
Vélez disse acreditar que inteligência artificial “será a maior revolução transformadora” e “a mais rápida”. “Todo mundo tem smartphones, achamos que será uma grande transformação”, disse.
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