Bloomberg Línea — A Berkshire Hathaway (BRK/A) realizou neste sábado (6) sua reunião anual com investidores. Além de trazer comentários sobre o balanço do primeiro trimestre, o evento contou com uma longa sessão de perguntas de acionistas e fãs direcionadas aos renomados investidores Warren Buffett, CEO da companhia, e Charlie Munger, vice-presidente da Berkshire.
Realizada em Omaha, Nebraska, cidade-natal de Buffett, a reunião foi acompanhada de forma online por milhares de investidores ao redor do mundo. Esta foi a segunda vez desde 2019, o ano antes da pandemia, que foi realizada pessoalmente.
A última edição do evento, que é conhecido como o Woodstock para Capitalistas, aconteceu logo após o acordo da Berkshire com a seguradora Alleghany e uma onda de compras que construiu participações na Occidental Petroleum (OXY) e na HP (HPE).
Nas falas, o mercado buscou respostas para algumas dúvidas sobre como será a condução da holding depois que Buffett sair, além de como o oráculo de Omaha vê os impactos da crise bancária nas ações.
A Bloomberg Línea compilou alguns dos principais destaques. Confira:
1. Ano mais fraco
O investidor bilionário espera que os ganhos da maioria das operações da Berkshire caiam este ano, já que uma desaceleração há muito prevista desacelera a atividade econômica. “A maioria de nossos negócios registrará ganhos mais baixos este ano do que no ano passado”, disse Buffett, diante de milhares de pessoas no evento no sábado.
Durante os últimos seis meses, o “período incrível” para a economia dos EUA chegou ao fim, disse ele.
O próprio Buffett disse que a Berkshire deve seu sucesso ao incrível crescimento da economia dos Estados Unidos ao longo das últimas décadas. Sua previsão de uma desaceleração na companhia ocorre em meio à agitação no setor bancário regional que ameaça reduzir os empréstimos, enquanto a inflação e as taxas mais altas continuam a pesar sobre a companhia.
A Berkshire registrou um ganho de quase 13% nos lucros operacionais para US$ 8,07 bilhões no primeiro trimestre deste ano.
2. Impacto da quebra do SVB
Questionado sobre o impacto da quebra do Silicon Valley Bank (SVB) caso os depósitos não tivessem sido totalmente cobertos, Buffett respondeu que o efeito “teria sido catastrófico”.
“Não consigo imaginar ninguém do governo nem do Fed que quisesse aparecer na TV no dia seguinte para falar que manteria a cobertura dos US$ 250 mil por depósitos e quebraria o mundo”, disse.
3. O impacto da IA e da robótica
Para Buffett, nunca haverá nenhuma inovação capaz de mudar a forma como os homens pensam. “A tecnologia pode fazer coisas gigantescas e super marcantes, com dados históricos, por exemplo, mas não consegue contar piadas”, brincou.
“Quando uma tecnologia pode fazer tantas coisas assim eu fico preocupado, porque sei que não vamos conseguir desinventá-la.”
O bilionário citou como exemplo a invenção da bomba atômica, que mudou o mundo desde a Segunda Guerra Mundial. “A IA pode mudar tudo no mundo, menos como o homem pensa e se comporta e isso é algo muito importante”, disse.
4. Sucessão
Os investidores buscaram respostas sobre a sucessão da Berkshire Hathaway, dado que Buffett conta com seus 92 anos e Munger completou 99 anos em janeiro. A expectativa é de que Greg Abel assuma o cargo de CEO, com Howard Buffett definido para se tornar presidente não executivo.
Embora não tenha respondido com clareza sobre quem irá substituí-lo, Buffett destacou a dificuldade de uma mudança na administração da companhia. “Questões de sucessão não são perguntas fáceis”, disse.
5. Transição energética
Sobre o tema de transição energética, Buffett reforçou o background de Greg Abel no mercado de energia.
“Não há dúvida de que há uma transformação energética acontecendo em todo o mundo”, disse Abel. Segundo ele, a expectativa é de que haja um plano claro nos EUA sobre como isso será abordado, mas é algo que deverá variar de estado a estado. Para Abel, atingir as metas climáticas é uma “longa jornada”.
Buffett comparou a transição energética à mobilização em tempos de guerra. Ele refletiu sobre se é possível arquitetar uma resposta em tempo de paz à transição climática que reflita as mudanças econômicas que foram usadas para colocar a máquina de guerra dos EUA em funcionamento naquela época.
“Eu não acho que seja possível fazer isso sem algo parecido com o maquinário, a urgência, o que quer que seja – o capital está lá. As pessoas estão lá. O objetivo é óbvio. Simplesmente não parecemos capazes de fazer isso em tempos de paz”, disse Buffett.
Em outra resposta, ele disse não saber se “nossa forma de governo é ideal” para resolver as questões climáticas.
-- Com informações da Bloomberg News
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