Ex-Softbank, Paulo Passoni deixa grupo que formaria novo fundo Bicycle

Ex-sócio-diretor do Softbank para a América Latina desistiu da iniciativa que conta também com a participação de Marcelo Claure e Shu Nyatta, segundo pessoas familiarizadas com o assunto

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Bloomberg Línea — Paulo Passoni, um dos ex-sócios-diretores do fundo do Softbank para a América Latina, deixou a iniciativa da qual ele fazia parte ao lado de outros executivos para formar uma nova empresa de investimento de venture capital, chamada Bicycle. A informação foi confirmada por pessoas familiarizadas com o assunto que falaram à Bloomberg Línea em condição de anonimato porque as discussões são privadas

Passoni pretendia fundar a nova empresa junto de Marcelo Claure, ex-Chief Operations Officer (COO) do conglomerado japonês, e Shu Nyatta, ex-sócio diretor, após o fim do período de non-compete dos executivos com o SoftBank. No caso de Passoni, o prazo venceu no fim do mês de abril.

Procurado pela Bloomberg Línea, Passoni e Claure não responderam aos pedidos de comentário. Nyatta disse que não iria comentar e que eles vão falar sobre o fundo no momento correto.

Recentemente, Passoni publicou um texto em sua conta no LinkedIn dizendo que estava se preparando para revelar os próximos passos da carreira, mas que decidiu seguir um novo caminho, sem se referir diretamente ao fundo (mais informações abaixo).

A Bicycle buscaria empresas de tecnologia em estágio mais maduro e teria compromissos de investimento de Claure, além do Mubadala, como reportou o Neofeed, para quem pessoas familiarizadas com o assunto disseram que o Bicycle buscaria levantar ao todo US$ 500 milhões, mas que enfrentava dificuldade para captação com investidores institucionais (os chamados Limited Partners).

Com a maior parte do compromisso vindo de Claure (US$ 200 milhões), o bilionário teria reivindicado o controle do fundo, segundo uma pessoa familiarizada com o assunto, o que teria motivado a saída de Passoni, que não desejava ser um operador de mais um fundo gerenciado por Claure, que já tem seu family office, o Claure Group.

O boliviano Marcelo Claure, que recebeu uma indenização e incentivos no valor estimado de US$ 94 milhões como parte de sua compensação como ex-diretor de operações do SoftBank Group, tem diversos negócios na América Latina.

Não seria a primeira vez que discordâncias com pessoas do conglomerado japonês levariam a debandada de algum executivo: o próprio Claure deixou o SoftBank em 2022 por divergir do CEO do grupo, Masayoshi Son, sobre sua remuneração.

Além de operar seu family office investindo em tecnologia e se aproximar de acordos para comprar a empresa de telecomunicação Millicom com o fundo de private equity Apollo, Claure assumiu a posição de chairman da chinesa Shein na América Latina.

‘Decidi seguir um novo caminho’, escreveu Passoni

Nos últimos dias, Passoni publicou em seu LinkedIn sobre o fim da contagem regressiva para deixar seu sabático desde que deixou o SoftBank em abril de 2022, junto de Shu Nyatta, que abriu a Bicycle em Miami.

“Era para ser um recurso engraçado que destacava meu desejo de voltar a investir, algo que eu realmente amo fazer”, publicou Passoni. “Hoje, eu deveria revelar o que vem a seguir. Em vez disso, decidi seguir um novo caminho. Uma das decisões mais difíceis da minha carreira.”

Com 45 anos, ele disse que facilmente será um investidor “até os 75″.

“Não terminei. Estou apenas começando. Aprendi muito desde que me formei na faculdade, há 20 anos. Agora, é tudo sobre me cercar de pessoas que admiro, continuar aprendendo e construir algo para o longo prazo. Deixar um projeto final composto por 30 anos. Assim que eu souber [o que vou fazer], vocês saberão. Enquanto isso, continuo ajudando muitos empreendedores. Faço isso por puro prazer. Não para ganhar dinheiro”, escreveu em uma publicação.

O site Pipeline, do jornal Valor Econômico, havia informado anteriormente que Passoni considerava deixar o fundo.

Claure, Passoni e Nyatta são alguns dos executivos mais experientes no setor de investimento de risco na região e tiveram atuação direta em algumas das maiores operações de venture capital na América Latina nos últimos anos.

Nyatta e Passoni deixaram o SoftBank na esteira da saída de Marcelo Claure. Eles foram substituídos por Alex Szapiro e Juan Franck, as novas lideranças do SoftBank para a América Latina, que agora estão sob o guarda-chuva de Alex Clavel.

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