Bloomberg — Na manhã do próximo sábado (6), o rei Charles III deixará o Palácio de Buckingham em uma carruagem puxada por seis cavalos a caminho da Abadia de Westminster.
O trajeto de cerca de 2 quilômetros não apenas o leva à sua coroação, mas também fornece uma imagem das várias vertentes de sua incomparável fortuna.
Se virar à esquerda quando a carruagem do Jubileu de Diamante (Diamond Jubilee State Coach) passar pelo Mall, o rei Charles verá as mansões de cor creme do Carlton House Terrace.
Suas escadarias de mármore, salões de baile e vistas deslumbrantes do St. James’s Park as colocam entre as propriedades mais desejáveis do mundo – e muitas delas pertencem ao soberano do Reino Unido por meio do Crown Estate.
Algumas centenas de metros depois, a procissão vai entrar à direita ao redor da Trafalgar Square. Se esticar o pescoço, o rei poderá ver o escritório Art Deco perto do hotel cinco estrelas Savoy, que também apoia seu feudo real por meio do Ducado de Lancaster.
O percurso evidencia como as duas principais entidades que ajudam a financiar o monarca britânico agora servem a casa do novo chefe de Windsor.
É uma coleção bizantina de ativos que inclui leitos de rios, castelos e pedreiras de arenito.
Estabelecidas oficialmente em 1351, as duas propriedades conferem ao monarca do Reino Unido bens valiosos o suficiente para colocar Charles III entre as 100 pessoas mais ricas do mundo.
Mas a fortuna por trás do chefe de estado britânico é totalmente diferente da maioria das outras famílias ricas.
Por um lado, Charles não possui pessoalmente os bens mais valiosos da realeza. A monarquia da nação e suas posses — incluindo as joias da coroa e a coleção de arte — pertencem ao soberano governante, mas não são propriedade privada e não podem ser vendidas para ganho pessoal.
Em vez disso, como soberano do Reino Unido, Charles, 74, tem direito a uma parcela da renda do Crown Estate – a maior das entidades de investimento que sustentam o monarca do Reino Unido – bem como do Ducado de Lancaster.
As propriedades que servem o monarca englobam ativos totais de cerca de 17 bilhões de libras esterlinas (US$ 21 bilhões).
Seus valores líquidos cresceram, em média, cerca de 80% na última década, segundo dados compilados pela Bloomberg. Isso reflete em grande parte a valorização dos preços de terras e propriedades em todo o Reino Unido.
A coroação está “exibindo o Crown Estate, que é realmente a GB plc”, disse George Gross, pesquisador visitante do King’s College London, que dá aulas sobre a história dessas cerimônias reais.
“Trata-se de colocar o Reino Unido no centro das notícias durante todo o fim de semana.”
Para suas funções oficiais, a família real é financiada por meio do Sovereign Grant, uma quantia anual derivada de um acordo de 1760 entre o monarca e o governo do Reino Unido.
Corresponde normalmente a 25% dos lucros do Crown Estate, cujas propriedades incluem a Regent Street, um popular destino de varejo com marcas de moda sofisticadas e também a loja de brinquedos Hamleys.
“Somos únicos, nos colocamos entre os setores público e privado sob esta missão parlamentar de servir o país”, disse Dan Labbad, CEO do Crown Estate, em entrevista à Bloomberg Television nesta quinta-feira (4).
O monarca não paga imposto sobre herança de nada recebido de sua antecessora, o que foi um incentivo para a rainha Elizabeth II passar a maior parte de sua fortuna pessoal para o filho mais velho.
Elizabeth II tinha uma fortuna de pelo menos US$ 450 milhões antes de sua morte em setembro, de acordo com uma estimativa do índice de Bilionários da Bloomberg.
-- Com a colaboração de Samuel Dodge, Alex Morgan, Jody Megson e Tom Maloney.
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