Mercados testam recuperação antes de veredito do Fed e de ouvir Powell

Investidores continuam atentos à dinâmica do setor bancário após a turbulência da véspera e monitoram o andamento das negociações sobre o teto da dívida dos EUA

Estes são os eventos que orientam os investidores hoje
Por Bianca Ribeiro
03 de Maio, 2023 | 06:49 AM
Últimas cotações

Barcelona, Espanha — Embora latentes, as preocupações com a desaceleração do mercado de trabalho norte-americano e com as perdas do setor bancário abrem espaço hoje para alguma recuperação antes que o Federal Reserve (Fed) decida por um aumento de juros, estimado em 0,25 ponto percentual pelo mercado. A atenção estará em eventuais pistas que Jerome Powell dê para os próximos passos do banco central no atual cenário.

→ Leia também o Breakfast, a newsletter matinal da Bloomberg Línea: Novos sinais do mercado de shoppings

Os futuros de índices dos Estados Unidos apresentavam recuperação frente às perdas da véspera, assim como as bolsas europeias. Os analistas levam em conta o lucro melhor que o estimado do Lloyds Bank (LYG) , de US$ 2,8 bilhões no primeiro trimestre, bem como o desempenho do BNP Paribas, que apresentou receita 5,3% maior no mesmo período. O Italiano Unicredit reportou ganho maior que o previsto nos três primeiros meses deste ano e ampliou a previsão de lucro de 2023 para mais de € 6,5 bilhões. As instituições tiraram proveito da alta taxa de juros no mercado europeu.

Os índices da China e do Japão estiveram fechados por feriado e o Hang Seng terminou a sessão com forte queda, após absorver o impacto das perdas no fechamento do mercado norte-americano.

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No mercado de dívida, o prêmio do título norte-americano para 10 anos retrocedia para 3,406% às 6h14 (horário de Brasília). O dólar se depreciava ante outras divisas, enquanto o euro e a libra de apreciavam e o bitcoin recuava.

O contrato de ouro subia ligeiramente, enquanto os de petróleo WTI estendiam as perdas em mais de 2%.

→ O que move os mercados hoje

💻 Panorama desafiador. A AMD (AMD), segunda maior fabricante de processadores de computador do mundo, prevê uma receita de US$5,3 bilhões no segundo trimestre, abaixo da média das estimativas de US$5,51 bilhões. A receita da empresa no primeiro trimestre, de US$ 1,3 bilhão, também ficou aquém do esperado, com as vendas da divisão de PCs caindo 69% no período. As ações da empresa caíam quase 6% antes da abertura das bolsas.

Custo da incerteza. Apesar de ter apresentado bons resultados no primeiro trimestre, com vendas comparáveis 11% maiores do que a estimativa de 7,3% para o período, as ações da Starbucks (SBUX)recuavam ao redor de 5% antes da abertura do mercado pelo fato de ter mantido inalteradas suas perspectivas para o ano fiscal, dada a incerteza com a economia.

🚙 Cautela para o ano. A Ford (FORD) também preferiu a cautela de manter suas previsões para o ano, embora tenha reportado lucro de US$0,63 por ação, bem acima dos US$0,42 previstos e dos US$0,51 apurados no trimestre imediatamente anterior. A montadora manteve uma estimativa de lucro entre US$9 bilhões e US$11 bilhões para o ano ante a preocupação com a pressão sobre os preços.

🪭 Voos de verão. Já para o setor aéreo, o sinal é de recuperação. A alemã Lufthansa informou que neste segundo trimestre, o lucro deve superar os US$831 milhões apurados no mesmo período de 2019, antes da pandemia, com a retomada das viagens da temporada de verão, especialmente para a Espanha.

🏹 Novo alvo. O investidor Carl Icahn viu sua fortuna encolher US$ 10 bilhões ontem após a Hindenburg Research denunciar que o investidor usa uma estrutura econômica do tipo Ponzi em sua empresa de investimentos, a Icahn Enterprises LP, cujas ações caíram 20% ontem. Icahn, por sua vez, disse que o relatório foi feito para gerar lucros na posição vendida de Hindenburg, que já teve como alvo neste ano Jack Dorsey, das Block, e o império do bilionário Gautam Adani.

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↔️ Títulos x Ações. Os estrategistas do JPMorgan, UBS e Morgan Stanley avaliam que os produtos de renda fixa podem ser uma aposta mais segura do que o mercado acionário diante do risco de recessão nos Estados Unidos. Segundo os especialistas, os títulos de classificação mais alta resistiriam melhor que ações à hipótese de o Fed não conseguir fazer um pouso suave da economia. Além disso, a compra de títulos agora pode gerar ganhos de capital se as taxas de juros caírem.

👟 Trabalho em questão. A Nike e a Adidas estão sendo chamadas a prestar informações nos EUA sobre eventual importação de produtos derivados de trabalho forçado na China. As empresas Shein e Temu também receberam pedido de informações por carta do republicano Mike Gallagher e do democrata Raja Krishnamoorthi. Uma lei contra trabalho forçado aprovada nos EUA em 2021 proíbe que bens de Xinjiang sejam importados para os EUA, com a presunção de que são produtos de trabalho forçado, embora a China negue.

Os mercados esta manhã

🟢 As bolsas ontem (02/04): Dow Jones Industrials (-1,08%), S&P 500 (-1,16%), Nasdaq Composite (-1,08%), Stoxx 600 (-1,24%), Ibovespa (-2,40%)

Os mercados foram abalados por uma queda generalizada das ações de bancos, com preocupações reavivadas sobre a saúde financeira do setor e incertezas em torno da decisão de hoje do Fed. O PacWest Bancorp e o Western Alliance Bancorp caíram 15%. O temor de recessão também cresceu com o relatório de oferta de emprego JOLTs caindo para o nível mais baixo em quase dois anos.

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Na agenda

Esta é a agenda prevista para hoje:

• Feriado: China, Japão

• EUA: Pedidos de Hipotecas, Índice de Compras MBA, Variação de Emprego Privado-ADP/Abr, PMI de Serviços e Composto

• Europa: Zona do Euro, Espanha e Itália (Taxa de Desemprego/Mar); França (Balanço Orçamentário/Mar)

• Ásia: China (PMI Industrial/Abr)

• América Latina: Brasil (Decisão sobre a Taxa Selic-BCB)

• Bancos centrais: Decisão sobre a Taxa de Juros-FOMC/Fed)

• Balanços: Qualcomm, Airbus, BNP Paribas, Stellantis, Kraft Heinz, Phillips, Lloyds Banking, Lufthansa, Gerdau

🗓️ Os eventos de destaque na semana →

(Com informações da Bloomberg News)

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Bianca Ribeiro

Bianca Ribeiro

Jornalista especializada em economia e finanças, com passagem por redações e veículos focados em economia, como Valor Econômico, Agência Estado e Folha de S.Paulo.