Bloomberg — Os lucros do primeiro trimestre da Porsche dispararam, pois as montadoras de carros de luxo continuaram a registrar ganhos, apesar da desaceleração da economia global.
O lucro operacional aumentou para 1,84 bilhão de euros (US$ 2,03 bilhões), enquanto a receita aumentou para 10,1 bilhões de euros no primeiro trimestre, informou a empresa nesta quarta-feira (3).
O número é cerca de 25% maior do que no ano passado, embora a companhia não tenha conseguido impressionar os investidores que esperavam aumentos agressivos de preços. As ações da Porsche caíram até 3,6%.
Montadoras de luxo como Porsche, Mercedes-Benz e BMW provaram estar menos expostas à redução da demanda global e à inflação que está atingindo os consumidores. Ainda assim, as incertezas econômicas estão pesando sobre o setor.
A Porsche planeja aumentar os preços de 4% a 8% na segunda metade do ano para novos modelos nos Estados Unidos e na Europa, disse o diretor financeiro Lutz Meschke em teleconferência com jornalistas. Ele acrescentou que a empresa espera que os preços básicos de seus veículos elétricos sejam 10% a 15% mais altos do que os modelos correspondentes com motores de combustão interna.
“A expectativa quando se trata da transição para veículos elétricos movidos a bateria é que possamos alcançar um prêmio de preço muito alto”, disse Meschke.
A Porsche, que reiterou seu guidance para 2023 de que as margens permaneceriam na faixa de 17% a 19%, disse que seu retorno sobre a fabricação de automóveis foi de 18,2% no primeiro trimestre.
As montadoras ainda estão recebendo um impulso da demanda reprimida depois que problemas na cadeia de suprimentos limitaram a produção, embora persista a incerteza sobre a demanda global.
As vendas da Stellantis (STLA), dona das marcas Fiat, Peugeot, Chrysler, Citroën, entre outras, subiram mais do que o esperado no primeiro trimestre, graças aos preços mais elevados dos veículos e maiores remessas de modelos como o Jeep Compass.
Mas a pressão sobre as montadoras permanece, principalmente após a decisão da Tesla (TSLA) de cortar preços em sua linha de veículos elétricos, um empecilho para os modelos concorrentes do segmento intermediário. No entanto, para fabricantes de automóveis de luxo como a Porsche, os analistas avaliam se a empresa pode aumentar mais os preços para compensar os custos mais altos de insumos.
“A tese-chave da Porsche é que eles podem aumentar os preços nesse ambiente”, disse Daniel Roeska, analista da Bernstein. “Se isso não está acontecendo, essa é a preocupação.”
Porsche aposta em novo modelo elétrico em 2026
A fabricante do carro esportivo 911, que continua sendo de propriedade majoritária da Volkswagen desde a listagem do ano passado, tem adotado uma estratégia mais sofisticada para concorrer com a Ferrari.
A empresa alemã planeja lançar um SUV elétrico de alto desempenho em uma faixa de preço acima do modelo Cayenne elétrico, previsto ser lançado em 2026, como parte de um plano para aumentar as margens operacionais para mais de 20%.
A unidade de serviços financeiros da Porsche estava menos imune ao impacto da inflação e ao aumento das taxas de juros. No primeiro trimestre, a divisão viu seu lucro operacional cair de € 102 milhões para € 86 milhões de euros e disse que a parcela de carros novos vendidos por meio de leasing ou com financiamento caiu de 46% para 42% no ano passado.
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