Federal Reserve eleva os juros em 0,25 p.p. e sinaliza possível pausa no aperto

Com a alta, a décima consecutiva, taxa de juros de referência dos EUA passa a ter um intervalo de 5% a 5,25% e é a maior desde 2007

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Bloomberg Línea — O Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) do Federal Reserve (Fed) decidiu nesta quarta-feira (3) pelo aumento dos juros em 0,25 ponto percentual nos Estados Unidos, em linha com o esperado pelo mercado financeiro, e sinalizou que este pode ter sido seu último movimento do ciclo de aperto.

Esta foi a décima alta consecutiva dos juros no país, que elevou a taxa em 5%. Agora, o intervalo da taxa de juros de referência dos EUA passa a ser de 5% a 5,25% – o maior patamar desde 2007.

O movimento faz parte de uma das campanhas de aperto monetário mais rápidas do Fed em seus 109 anos de história e vem na esteira de dados que mostram que a economia americana segue forte.

Após a divulgação, as ações ampliaram os ganhos em Wall Street. Por volta das 15h04 (horário de Brasília), o S&P 500 subia 0,24%, enquanto o Nasdaq 100 tinha alta de 0,45%. As bolsas, contudo, viraram para queda durante o discurso do presidente Jerome Powell, com os investidores pesando os próximos passos da autoridade monetária. Às 16h37, os índices caíam 0,50% e 0,23%, respectivamente.

“O comitê monitorará de perto as informações recebidas e avaliará as implicações para a política monetária”, disse o Fomc em comunicado divulgado junto com a decisão. O Comitê omitiu uma linha de sua declaração anterior em março que dizia que o comitê “prevê que alguma política adicional pode ser apropriada”.

Nesta manhã, os dados de emprego no setor privado ADP nos EUA mostraram a criação de 296 mil vagas em abril, acima das 150 mil esperadas por economistas consultados pela Bloomberg, contribuindo para as apostas de um novo aumento dos juros nesta quarta.

O Fed tem sido pressionado pelos legisladores em meio à turbulência persistente do mercado financeiro, com condições de empréstimo mais rígidas e sinais de desaceleração da economia.

Nesta semana, novos temores sobre a saúde do setor bancário levaram à derrocada de ações de bancos regionais nos EUA. As quedas vieram um dia após a venda do First Republic Bank para o JPMorgan (JPM).

Uma reunião de cada vez

Durante coletiva de imprensa, o presidente do Fed, Jerome Powell, reiterou a necessidade de analisar os dados econômicos conforme forem divulgados para decidir os próximos passos. Segundo ele, decisões futuras dependem de como os eventos vão se desenrolar.

Powell afirmou que as condições no setor bancário melhoraram desde março e reiterou que o sistema bancário americano é resiliente e seguro. “Vamos continuar monitorando e trabalhando para que eventos como esse não aconteçam novamente.”

Segundo ele, a economia americana deverá enfrentar novos ventos contrários da crise bancária, que levou a uma oferta de crédito mais restrita – o que deverá pesar sobre a atividade e a inflação, disse.

“O que vemos é que não teremos que subir os juros a patamares tão mais altos como pensávamos por conta disso, dado que não sabemos a extensão dos efeitos da crise [bancária].”

O presidente do Fed descartou uma alteração na meta de inflação e disse que voltar aos 2% é o principal objetivo da autoridade monetária. O movimento, contudo, não será fácil e levará algum tempo, segundo ele.

O que diz o mercado...

Para Alex Lima, estrategista-chefe da Guide Investimentos, a linguagem do Fed sugere que uma pausa é possível, mas que “não parece done deal”. “Parece mais hawk, pois a frase diz que apertos marginais dependerão do outlook”, escreveu, em nota.

Claudia Rodrigues, economista do C6 Bank, avalia que a taxa de juros americana deve permanecer no nível atual para ajudar a desacelerar a inflação, em um contexto de demanda ainda forte e que deve demorar algum tempo para ceder.

“Não esperamos que os juros americanos caiam antes de meados de 2024. No entanto, reconhecemos que o início do corte de juros pelo Fed pode ser antecipado caso haja um aperto de crédito decorrente do colapso de alguns bancos regionais nos EUA”, escreveu, em nota.

Leandro Petrokas, diretor de research e sócio da Quantzed, interpreta o discurso de Powell como hawkish, mostrando comprometimento da autoridade no combate a inflação. “As falas de que estão prontos para ajustar a política caso surjam riscos que ameacem o alcance da meta são bem fortes. Podemos esperar alta de mais 0,25 p.p. em uma próxima reunião e depois estabilidade”.

Copom e BCE no radar

Depois do Fomc, as atenções estarão voltadas para a reunião de política monetária no Brasil, com a divulgação da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) a partir das 18h. A expectativa é de manutenção da taxa Selic em 13,75% ao ano.

Já o Banco Central Europeu (BCE) se reúne amanhã (4) para decidir o rumo da taxa de juros na zona do euro.

-- Atualização com comentários e queda das bolsas às 16h40 (horário de Brasília)

-- Com informações da Bloomberg News

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