Bloomberg — O Federal Reserve deverá realizar um aumento de 0,25 ponto percentual na taxa de juros e sinalizar uma pausa em sua agressiva campanha de aumento, em meio à turbulência persistente do mercado financeiro e à pressão renovada dos legisladores por um recuo.
Analistas do mercado financeiro esperam que o banco central dos Estados Unidos entregue seu último aumento de juros por um tempo nesta quarta-feira (3), com condições de empréstimo mais rígidas e sinais de desaceleração da economia sugerindo que a inflação esfriará de forma mais significativa nos próximos meses.
A medida elevaria a taxa dos Fed Funds para uma faixa de 5% a 5,25% – a maior desde 2007.
Uma queda nas ações dos bancos regionais após o colapso do First Republic Bank no início desta semana aumentou algumas apostas de que o Fed fará uma pausa nesta semana, embora os formuladores de políticas tenham até agora separado a política monetária de suas ferramentas para fortalecer o setor bancário.
“Parece evidente que eles vão subir”, disse Michael Feroli, economista-chefe do JPMorgan (JPM). “Também estamos ouvindo cada vez mais sobre uma pausa. Então parece que sim, eles querem fazer uma pausa, mas sabem que o trabalho de inflação ainda não acabou.”
A decisão será divulgada às 15h (horário de Brasília) em Washington, e será seguida por uma coletiva de imprensa com o presidente Jerome Powell. O Fed não está divulgando taxas atualizadas nem previsões econômicas esta semana.
Um aumento de 0,25 ponto percentual seria o terceiro consecutivo dessa magnitude e encerraria uma das campanhas de aperto mais rápidas do Fed em seus 109 anos de história.
Vários legisladores progressistas, incluindo os senadores Elizabeth Warren e Bernie Sanders, instaram Powell a parar de aumentar as taxas e alertaram em uma carta na terça-feira (2) que a turbulência bancária e os aumentos cumulativos das taxas “deixam nossa economia ainda mais vulnerável a uma reação exagerada do Fed”.
Por volta das 8h20 (horário de Brasília), os índices futuros tinham leve alta em Wall Street: o S&P 500 subia 0,21%, enquanto o Nasdaq 100 tinha alta de 0,24%.
Embora a taxa de inflação permaneça muito acima da meta de 2% do Fed, algum arrefecimento nos principais componentes da economia – incluindo gastos do consumidor e inflação de serviços – sugere que pode haver algum alívio de preços na segunda metade do ano.
As autoridades também apontaram para uma retração nos empréstimos, decorrente das recentes quebras de bancos, como um fator que pesará na atividade econômica.
Comunicado do Fomc
Qualquer sinal de que o Fed pode fazer uma pausa – seja na declaração do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) ou na coletiva de imprensa de Powell – provavelmente será expresso por linguagem sugerindo que as autoridades não necessariamente terminaram o trabalho a ser feito.
“O Fed ainda precisa manter o foco na inflação como número 1″, disse Veronica Clark, economista do Citigroup (C). “Eles têm todas essas outras ferramentas para lidar com questões de estabilidade financeira, mas a inflação ou a estabilidade de preços ainda é um grande problema.”
Em março, as autoridades ajustaram a declaração para dizer que “alguma política adicional pode ser apropriada”, suavizando a linguagem anterior de que “aumentos contínuos” provavelmente seriam necessários. Eles podem atualizá-lo novamente para dizer que mais aumentos nas taxas dependerão de como os dados evoluem, disse Feroli, do JPMorgan.
A coletiva de imprensa “dará a Powell a oportunidade de explicar um pouco mais o que eles estão pensando”, acrescentou. Isso pode ser um desafio para Powell, que vai querer evitar enviar uma mensagem de que o Fed considera sua missão cumprida.
Na avaliação de Anna Wong, economista-chefe para EUA da Bloomberg Economics, os sinais de abrandamento dos dados econômicos e restrição do crédito provavelmente levarão a um consenso no comitê de que as taxas são suficientemente restritivas – sugerindo um viés para fazer uma pausa na próxima reunião. “Mas com a inflação teimosamente elevada, o presidente do Fed não conseguirá garantir aos mercados que uma pausa é tida como certa – ou que os cortes nas taxas são iminentes.”
-- Com a colaboração de Steve Matthews.
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