Bloomberg — As ações da Uber (UBER) subiram depois que a empresa divulgou lucros que superaram as estimativas dos analistas, mostrando que os consumidores continuam gastando mais em viagens e delivery, apesar das perspectivas econômicas incertas.
O lucro ajustado antes de juros, impostos, depreciação e amortização atingiu US$ 761 milhões no primeiro trimestre, informou a empresa em comunicado nesta terça-feira (2). Isso superou os US$ 678,6 milhões que os analistas previam, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.
“Entregamos lucratividade recorde e fluxo de caixa livre no primeiro trimestre e estamos prontos para expandir a lucratividade novamente no segundo trimestre”, disse o diretor financeiro Nelson Chai em comunicado.
As ações subiram 8%, para US$ 35,38, às 12h19 (horário de Brasília). Isso eleva os ganhos das ações da empresa para cerca de 40% neste ano.
Os resultados indicam que a empresa com sede em São Francisco, na Califórnia, está enfrentando a desaceleração do crescimento econômico e o aumento da inflação melhor do que o esperado, mesmo com impactos nos gastos dos consumidores no varejo e em outras áreas.
A Uber também está superando a rival Lyft (LYFT), que está reformulando as operações diante da demanda fraca e lucros fracos. A Lyft deve informar seus resultados trimestrais ainda esta semana.
“Este foi um trimestre em que a Uber se voltou para as operações da sua sede, pois fala de uma história ‘nova e aprimorada’ daqui para frente”, escreveu Dan Ives, analista da Wedbush Securities, em nota aos investidores após os resultados.
A Uber gerou US$ 31,4 bilhões em vendas brutas, que incluem os serviços de transporte de passageiros por aplicativo, entrega de comida e frete. O número ficou um pouco abaixo dos US$ 31,5 bilhões que Wall Street havia previsto, já que um declínio nos volumes de frete reduziu as encomendas em geral.
Embora a empresa tenha visto menos usuários ativos mensais do que o esperado, as corridas por aplicativo de US$ 15 bilhões superaram as projeções — uma indicação de que os clientes estão usando o app para se deslocar com mais frequência. O aumento foi atribuído em parte às tarifas mais baixas.
Novos produtos de mobilidade também ajudaram a atrair motoristas e passageiros para a plataforma, disse o CEO, Dara Khosrowshahi. Isso ajuda a melhorar a lucratividade “mesmo que nossos concorrentes continuem a competir em incentivos e preços”, disse ele.
A Uber disse que o número de motoristas ativos aumentou 35% em comparação com o ano passado, refletindo um crescimento de mais de 1 milhão.
A Uber foi duramente atingida quando a pandemia derrubou a demanda por corridas por aplicativo. Embora tenha conseguido amortecer o impacto com sua unidade de delivery de comida — o Uber Eats, que cresceu rapidamente — a empresa lutou para superar a escassez de motoristas depois que as cidades começaram a reabrir. Isso fez com que os tempos de espera e as tarifas disparassem.
A Lyft também teve dificuldade em equilibrar o número de motoristas e passageiros. Ambas as empresas gastaram milhões em incentivos para atrair os trabalhadores de volta aos seus aplicativos. Mas Lyft teve mais dificuldade em voltar aos trilhos. Seus esforços de recuperação incluíram a contratação de um novo CEO, David Risher, a demissão de milhares de funcionários e a convocação do restante da equipe de volta ao escritório. Mas a Lyft tem menos usuários ativos do que antes da pandemia de covid-19.
Khosrowshahi, do Uber, disse em uma teleconferência com analistas que a Lyft é uma “marca muito, muito forte” e “não vai a lugar nenhum”. Ele acrescentou que a mudança da Lyft para preços mais baixos resultará em um ambiente mais competitivo para níveis de serviço e confiabilidade.
“Acho que o mercado disse muito claramente que os dias de pagar por ações e essencialmente usar o dinheiro dos acionistas para comprar ações temporariamente acabaram”, disse Khosrowshahi.
A Uber liderava o mercado com 76% das vendas de transporte por aplicativo nos Estados Unidos em março, acima dos 66% no início de 2020, de acordo com a empresa de pesquisa YipitData. A Uber, que reduziu o número de funcionários no início da pandemia, não anunciou cortes generalizados de custos ou demissões.
Ainda assim, a empresa disse que reduziu o número de funcionários por meio de análises de desempenho durante o primeiro trimestre e espera que sua força de trabalho fique “estagnada ou reduzida” nos próximos trimestres, sem especificar a diminuição exata de empregos. A Uber Freight, sua unidade de logística, também cortou 3% de sua força de trabalho em janeiro.
A empresa reportou US$ 8,8 bilhões em receita durante o período encerrado em 31 de março, superando as expectativas dos analistas de US$ 8,7 bilhões. A Uber espera um lucro ajustado antes de juros, impostos, depreciação e amortização de US$ 800 milhões a US$ 850 milhões no trimestre atual.
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